LUZ E COR
O mar às vezes parece um véu diáfono, outras pó verde. Às
vezes é de um azul transparente, outras cobalto. Ou não tem consistência e é
céu, ou é confusão e cólera. De manhã desnavece-se, de tarde sonha. E há dias
de nevoeiro em que ele é extraordinário, quando a névoa espessa pouco e pouco
se adelgaça, e surge atrás da última cortina vaporosa, todo verde, dum verde
que apetece respirar. Diferentes verdes bóiam na água, esbranquiçados, transparentes,
escuros quase negros, misturados com restos de onda que se desfaz e redemoinha
até ao longe. E ainda outros azulados, com a cor das podridões. Tudo isto
graduado e dependendo do céu, da hora e das marés. Há momentos em que me julgo
metido dentro duma esmeralda, e, depois, numa jóia esplêndida, de um azul único
que se incendeia. Mas a luz morre, e a luz agonizando exala-se como um perfume.
É uma grande flor que desfalece. O doirado não é simplesmente doirado, nem o
verde simplesmente verde: possuem uma alma delicada e exática.
In “Os Pescadores” de Raúl Brandão
Muitíssimo bem identificada nas imagens (belas fotos), essa citação de Raúl Brandão !
ResponderEliminarAbraço, Rui ! :))
.
Rui Espírito Santo:
ResponderEliminarPara um daltónico... temos que reconhecer que não é fácil.
:)
Uma selecção de imagens muito bonitas e muito bem legendadas com a citação de Raúl Brandão.
ResponderEliminarbeijinho
Fê
Um conjunto de fotografias extraordinárias, o que demonstra que o mar não inspirou apenas R. Bandão e tantos outros, mas continua a inspirar-nos a todos nós.
ResponderEliminarPorque o mar tem essa mania de querer ser espelho das cores do céu, para além de ter acordos tácitos com a lua.
Belo post, Rui!
xx
Um mar de cores e de temperamentos. :)
ResponderEliminarFê blue bird:
ResponderEliminarMuito obrigado pelas suas palavras.
Também gosto muito da citação, pois então.
:)
Laura Santos:
ResponderEliminarEsta foi uma das minhas recentes leituras e decidi ilustrá-la à minha maneira. Soubesse eu escrever, nem precisava da máquina... até podia ser à mão.
:)
luisa:
ResponderEliminar"Um mar de cores e" muitos temperos... para insosso já basto eu.
:)
Os "postais" estão um mimo!
ResponderEliminarPedro Coimbra:
ResponderEliminarSabia que "Mimo" é o nome do Museu da Imagem e Movimento aqui de Leiria?
Mas que grande elogio!
:)
http://mimo.cm-leiria.pt/
Também me parecia que conhecia estes "mares"!
ResponderEliminarSou do tempo em que se estudava Raul Brandão na faculdade! :)
Abraço
Rosa dos Ventos:
ResponderEliminarNão me fale em faculdade! Eu só me arrependo do que não fiz...
:)
ResponderEliminarAdoro a cor... esteja ela expressa nas tonalidades do céu, do mar, de flores...
A natureza é bela... mas tem tanto de belo como de cruel! Assim são também as pessoas.
Beijinhos em tons que consigas reconhecer
(^^)
AFRODITE:
ResponderEliminarDizem que a beleza está nos olhos de quem vê... e a crueldade?
ResponderEliminarA crueldade está nos corações ímpios daqueles que não conhecem nem o Amor nem a piedade.
AFRODITE:
ResponderEliminarSe é assim como dizes, como é que o, gago e quase analfabeto, Pedro Cruel, conseguiu amar a Inês de Castro?
:)
"Como é diferente o amor em Portugal."
Mas eu sei que o Rui também sabe escrever,o que a par do que tenho visto já começa a ser talento a mais :-)
ResponderEliminarLaura Santos:
ResponderEliminarAté corei...
:)