sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Cambalhota na Educação...


"A escola do mundo às avessas é a mais democrática das instituições educativas. Não exige exame de admissão, não cobra matrícula e ministra os seus cursos gratuitamente, a todos e em qualquer lugar, assim na terra como no céu: por alguma razão é filha do sistema que conquistou, pela primeira vez em toda a história da Humanidade, o poder universal.

Na escola do mundo às avessas, o chumbo aprende a flutuar e a cortiça a afundar-se. As víboras aprendem a voar e as nuvens aprendem a rastejar pelos caminhos."

(Educando pelo exemplo in DE PERNAS PARA O AR - A Escola do Mundo Às Avessas de Eduardo Galeano)





quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Bastonário Da Ordem dos Advogados e Ministra da Justiça...


“Somos todos iguais perante a lei. Perante qual lei? Perante a lei divina? Perante a lei terrena, a desigualdade está sempre a desigualar-se e por todo o lado, porque o poder está habituado a sentar-se em cima de um dos pratos da balança da justiça.”

(in DE PERNAS PARA O AR - A Escola do Mundo às Avessas de Eduardo Galeano)




quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A Gente Vai Levando...

"Não é preciso ser um especialista em políticologia para perceber que, regra geral, os discursos apenas adquirem verdadeiro sentido quando são lidos às avessas. Poucas excepções tem esta regra: nos debates, os políticos prometem mudanças e no governo mudam, mas mudam… de opinião. Alguns ficam redondos de dar tantas voltas; causa torcicolos vê-los girar, da esquerda para a direita, com tanta velocidade. A educação e a saúde primeiro!, clamam como clama o comandante do navio: As mulheres e as crianças primeiro!, e a educação e a saúde são as primeiras a afogar-se. Os discursos elogiam o trabalho, enquanto os actos maldizem os trabalhadores. Os políticos que juram com a mão no peito, que a soberania nacional não tem preço costumam ser os que depois a dão de presente; e os que anunciam que correrão com os ladrões, costumam ser os que depois roubam até as ferraduras dos cavalos a galope."

(O Poder político in "DE PERNAS PARA O AR -  A Escola do Mundo às Avessas" de Eduardo Galeano)




terça-feira, 27 de setembro de 2011

Estado D'Alma

Hoje acordei assim...


Se a alegria se pudesse congelar, como certos alimentos, eu tinha a minha arca cheia. Infelizmente o prazo de validade é curto e muito incerto...

domingo, 25 de setembro de 2011

La Vie en Rose

“Uma rosa, apesar de bela tem uma parte acastanhada e suja que está debaixo da terra. E um verso é como uma planta: é belo se investigar a terra que o destino lhe colocou por baixo. A beleza será pois uma profundidade e não uma estatura, muito menos uma cor ou uma forma.

Concorda com este raciocínio, senhor Breton? Concorda com este modo de abrir os olhos?”

(In “O Senhor Breton e a entrevista" de Gonçalo M. Tavares)



sábado, 24 de setembro de 2011

What's up?


"A máquina da igualização compulsiva age contra a mais bela energia do género humano, que se reconhece nas suas diferenças e nela se vincula. O melhor que o mundo tem está nos muitos mundos que o mundo contém, nas diferentes músicas da vida, nas suas dores e cores: as mil e uma maneiras de viver e dizer, crer, criar, comer, trabalhar, dançar, brincar, amar, sofrer e celebrar, que temos vindo a descobrir ao longo de milhares e milhares de anos."


(A igualização e a desigualdade in DE PERNAS PARA O AR - A Escola do Mundo Às Avessas de Eduardo Galeano)






sexta-feira, 23 de setembro de 2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Que Grande Tourada...

(Clique nas imagens)

Primeiro foi um banco vazio...

depois um jardim inchado e mamão... 

 
E nós aqui a vê-los passar... 

Vamos longe, vamos...

Cá para mim isto é uma grande tourada...


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Marmelada








Quando disse que este ano não fazia marmelada não menti, fui ontem buscá-la já feita. 








  
Depois de a tapar com papel vegetal coloquei-a apanhar sol.







Sabem que mais? Está ótima.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cortar nas Gorduras...

O marmelo (gamboa) é cá do quintal, a mão é da Filomena

Ainda não se falava em cortes na despesa e nas “gorduras” já a minha previdente nutricionista se antecipava sugerindo-me que retirasse do pequeno-almoço as generosas fatias de queijo e marmelada. Foi por essa razão que este ano decidi não a fazer e, antes que mudasse de ideias, não descansei enquanto não me livrei das taças e dos marmelos. Parecendo que não, entre o descascar e cozer triturar a massa e juntar o açúcar, ainda poupei muito trabalho.

A verdade é que desde que tomei essa decisão o grilo falante que me acompanha não parou de me inquietar. Já perdemos muito peso, não estou a referir-me à absolvição de Oliveira e Costa e Dias Loureiro nem à gestão ruinosa de Alberto João Jardim...

Faz sentido continuar com todo este sacrifício? Mais importante do que ficar bonito na fotografia é o nosso bem estar e... é por isso que não prescindo da natação, da leitura, do quintal...

Mas os marmelos e as gorduras é que não me saem da cabeça. Será que ainda me vou arrepender?


domingo, 18 de setembro de 2011

Museu Nacional de Arte Contemporânea

Este fim-de-semana, para fugir à rotina, fomos à capital visitar a “pimpolha”. Depois dos habituais abastecimentos à despensa, normalmente a meu cargo, e das limpezas da ordem, por conta da mãe galinha, sempre sobra algum tempo para carregarmos baterias.





Turistas “na nossa terra”, sem precisão de bússola ou mapa, rumámos até ao Chiado para visitar o Museu Nacional de Arte Contemporânea.





"Arte Portuguesa do Século XX (1910-1960) é a segunda de três grandes exposições que, sucessivamente, assinalam as comemorações dos 100 Anos do MNAC – Museu do Chiado, proporcionando uma visão global do seu acervo. Este período que, corresponde aos primeiros 50 anos de existência do museu, constituiu um momento determinante na história da arte portuguesa".

Mário Eloy - Auto Retrato 1936

Abel Manta - Jogo de Damas - 1927

Júlio Pomar
O Gadanheiro - 1945













José Almada Negreiros
A Sesta - 1939













Ernesto Maia - Adão e Eva

Fica aqui a sugestão, visitem este museu (ao domingo a entrada é gratuita).


sábado, 17 de setembro de 2011

Meia Noite em Paris (Woody Allen)

Fui hoje ver.


Gostei e recomendo.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Diamante Muito Antigo...


Há dias ao espreitar para dentro de uma joalharia encontrei esta pedra preciosa, um diamante bruto e muito antigo…

Querem ver como ficou depois de lapidado?





Bom Fim-de-Semana!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Gatos, "quem somos nós?"


Astutos, observadores, atentos, soberanos, manhosos, discretos, imprevisíveis, ariscos, elegantes, doces, meigos, afectuosos, dedicados, ternurentos, traiçoeiros, rebeldes, independentes, livres e insubmissos. Uns têm sete vidas, outros nunca chegam a morrer...

“Os gatos entram e saem do poema como se não houvesse território mais familiar para fazerem as suas deambulações. Uns são tigrados, outros brancos, outros negros. Pelo meio também há errantes gatas de muitos cios. Todos eles são belos como os mais belos dos versos, porque são perfeitos como o fogo da própria criação”. 
(excerto do texto - Eugénio e os Gatos de uma Vida - in "Amados Gatos" de José Jorge Letria).

Foram muitos os que se apaixonaram por eles e os imortalizaram. Deixo-vos com este, espero que gostem.


GATO

Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!

De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?

(Alexandre O’Neill)

Gatos, "quem somos nós, teus donos ou teus servos"? Aceitam-se tanto as respostas como sugestões de leitura.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Apetites felinos...

Há dias em que me apetecia ir por aí, devorar mundo...

Mia (Muito Irreverente Animal)
e outros... 
Ilustre Desconhecido
em que só estou bem aqui, no meu cantinho.


terça-feira, 13 de setembro de 2011

A Última Valsa de Chopin

“Põe toda a tua alma no que tocas, toca da maneira que sentes”.

Creio que a música terá sido a minha primeira paixão. É difícil e inútil tentar explicar. Aconteceu e pronto. Certo? Não. Quer dizer, parcialmente. Adiante. Não estou muito seguro e para o caso pouco ou nada  interessa. 

Tudo isto apenas para vos dizer que “A Última Valsa de Chopin”, de José Jorge Letria, tocou na tecla da minha sensibilidade, pela forma verdadeiramente apaixonada como o narrador presta homenagem a este génio musical.

Eu, que até nem sei dançar, fui embalado com "O Prelúdio" dessa sua escrita poética e nunca parei de valsar. Querem saber mais? Ainda não perdi o fôlego.



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

"O Presidente"


Um pintor que não tinha jeito para as cores, mas pegava bem no pincel, foi escolhido para maestro da banda.

A escolha foi feita pelo presidente da cidade, que era praticamente surdo, mas apreciava os gestos minuciosos do pintor. Foi a sua primeira e única decisão.


O presidente tinha sido eleito porque era muito indeciso e pelo menos assim não incomodava ninguém. A população, no entanto, quando  ouviu o primeiro concerto da banda, revoltou-se.

Voltem a dar uma tela ao maestro! Alguém gritou.

O presidente, satisfeito, depois da sua primeira decisão ao fim de quatro anos, e julgando que a população estava a gritar Bis, decidiu candidatar-se a um segundo mandato.

A população, apesar da música, elegeu-o.


texto "O Presidente", de Gonçalo M. Tavares, in o Senhor Brecht

domingo, 11 de setembro de 2011

O Acesso Bloqueado

(Este saquei-o agora na Net mas amanhã  "acerto as contas" com o Sérgio Godinho).



Letra e música de Sérgio Godinho e arranjo de Nuno Rafael
Acesso Bloqueado (letra e música Sérgio Godinho)

advinhar o futuro é muito duro, é muito duro
sai sempre o cálculo furado
advinhar o passado é mais seguro, é mais seguro
se bem que às vezes também sai errado
mas entre o deve e o haver,
entre o deve e o haver
sempre pões algum de lado
deve ser descontrolado
agora, advinhar o presente mesmo se fosses vidente
isso... é q mais complicado.

tenho o acesso bloqueado *4

dar de barato o futuro é prematuro, é prematuro
mas foi tudo mal contado
deixaste o fruto no passado
ficar maduro, ficar maduro
e agora podre por não ser usado
mas entre fazer ou não fazer
entre fazer ou não fazer
sempre sobra algum trocado
crédito mal aparado
agora, advinhar o presente mesmo tão inteligente
isso... ficas todo baralhado

tenho o acesso bloqueado *4

estás à beira de um limite(ou debite)
agora ri-te, agora ri-te

vaticino reservado

vais ter que arranjar mais memória
mesmo acessório
mesmo acessório

para o destino não passar ao lado

mas entre ser e o parecer
entre ser e o parecer
não escolhas o espelho errado
desgoverno planeado
agora advinhar o presente mesmo tão clarividente
isso... só estás mais entalado


tenho o acesso bloqueado *8



sábado, 10 de setembro de 2011

Parabéns!

Depois de longa e cuidada gestação voltei novamente a ser pai.

A Sofia é uma menina linda meiga e doce como o Rui Miguel, ficámos rendidos…

Desenho a carvão
(Carla Figueiredo 2011)

Parabéns aos noivos!


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O Meu Quintal Não Me Engana



A nogueira já deixou cair as primeiras nozes da época. A Puma e o Quimba (eu chamo-lhe Pimba), sortudos rafeiros cá de casa, são sempre os primeiros a prová-las.





Antes que os sôfregos e incontidos apetites caninos as façam desaparecer na totalidade convém ir colocando algumas de parte. Não minto se disser que agora nesta casa são mais as nozes que as vozes.




É tempo de apanhar os marmelos (gamboas) para que o ritual se cumpra. E com isto temos o Verão passado... 
Nestas e em tantas outras coisas o meu quintal não me engana. 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pedalar até cansar...


Se vos disserem que sou apanhado pelo ciclismo (Volta, Vuelta, Tour, Giro) garanto-vos que estão a  exagerar. Quanto muito gosto de as ver passar, sobretudo em cidades como Amesterdão Copenhaga ou Estocolmo, mas também de dar umas voltas por aí para respirar ar puro em vez de ficar fechado num ginásio a cheirar o suor alheio.


Há anos que faço Leiria/Pedrógão, e vice-versa, em bicicleta e por incrível que vos possa parecer o tempo no trajecto é sempre o mesmo: muito Sol e vento contrário, só para tornar a coisa mais difícil. Claro que o outro, aquele que os relógios marcam, também se mantém igual… (parece-me ter ouvido para aí) “- O gajo tem a mania que é bom”. Calma, não baixemos o nível da pedalada, controlem a respiração, isso.


Claro que tenho alguns trunfos, a idade serve para alguma coisa não é apenas para ser saudosista, ora vejamos, há dois anos a coisa começava a dar indícios de rolar menos vai daí troquei os pneus da bicicleta por uns mais finos. Este ano foi o meu pneu quem sofreu um desgaste considerável, mas ainda não está na lona, para o ano... Bem, para o ano logo se vê. Com este Sol e este vento as energias renováveis serão uma das muitas hipóteses a ter em conta. 


Ora se eu já estava tranquilo ainda mais sossegado fiquei quando um amigo, que nasceu primeiro do que eu, me disse que ainda faz o mesmo que fazia quando tinha vinte e poucos anos. Aí franzi o sobrolho e desconfiei... Ao ver o meu ar pouco crédulo ele riu-se e acrescentou " - Faço o que posso. " Por mim fiquei esclarecido e vocês?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Porto de Abrigo

É impressão minha ou o verão só agora chegou? 

Se já gozaram as vossas férias não o culpem, bem pior estou eu. A filha regressou a Lisboa para iniciar o Mestrado, a “patroa” voltou para o seu ganha-pão e o filho já é praticamente uma carta fora do baralho.

De um dia para o outro fiquei assim, sem graça, à espera que os barcos regressem ao porto de abrigo.




Vê como o verão
subitamente
se faz água no teu peito,
e a noite se faz barco,
e a minha mão marinheiro.

(Eugénio de Andrade)




terça-feira, 6 de setembro de 2011

Bonecas...


É sabido que um menino não brinca com bonecas (não brinca?). Cavalinho, triciclo, carrinhos, piões, berlindes, fisgas, soldadinhos de chumbo, bola, são (ou foram) os brinquedos mais apropriados para um rapaz que se quer homem como o pai. 

Ora outro dado adquirido e irrefutável é aquele de que “um homem não chora” (não chora?). Em vez de lágrima ao canto do olho deve ter músculo ser alto espadaúdo e bem-parecido, como o Ken. Com umas idas ao Health Club e leitura de meia dúzia de revistas cor-de-rosa a coisa resolve-se. Uma vez a peça moldada o sucesso do macho está praticamente assegurado e qualquer sapo vira príncipe sem precisar que o osculem. Claro que falar pouco também ajuda e saber sorrir ainda mais, depois é ver as Barbies a cair que nem tordos, cheias de penas... umas louras e outras não.

Mas nem todos os bonecos e bonecas são assim, também há de trapo (que ficam num farrapo), de papel (que se amachucam e rasgam), de borracha (que se derretem e pegam), de madeira (com lascas e farpas), ou de porcelana (que viram cacos) e ainda de luxo ou de programa, para aquelas crianças que não cresceram…

Há dias, navegando pela Net, dei de caras com esta boneca virtual e rendi-me aos seus gostos musicais. Querem ouvir?




domingo, 4 de setembro de 2011

Mar de Setembro




Tudo era claro:

céu, lábios, areias.
O mar estava perto,
Fremente de espumas.
Corpos ou ondas:
iam, vinham, iam,
dóceis, leves, só
alma e brancura.
Felizes, cantam;
serenos, dormem;
despertos, amam,
exaltam o silêncio.
Tudo era claro,
jovem, alado.
O mar estava perto,
puríssimo, doirado.

(Eugénio de Andrade)


sábado, 3 de setembro de 2011

E vão 28...





Por que será meu amor
que sempre
na tua ausência tudo se suspende
e o vício de te ver é tanto
que em todo o sítio meu amor
te invento

(Maria Teresa Horta)



sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sinal...




Assim que te vi parei
Vermelho... a olhar para ti 
Fizeste-me um sinal,  depois avancei
Verde de esperança e sorri!




quinta-feira, 1 de setembro de 2011

É Preciso Um País


Este país está cada vez mais cinzento e despovoado. Será que o Sol também emigrou?



É PRECISO UM PAÍS...
  
Não mais Alcácer Quibir.
É preciso voltar a ter uma raiz
um chão para lavrar
um chão para florir.
É preciso um país.

Não mais navios a partir
para o país da ausência.
É preciso voltar ao ponto de partida
é preciso ficar e descobrir
a pátria onde foi traída
não só a independência
mas a vida.

(Manuel Alegre)