quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Carpe diem

Houve anos em que estes dias especiais eram aguardados com enorme ansiedade e idealizados com muita antecedência. Primeiro em esboço, depois em relevo com detalhes e minúcia, assim se preparava a folia onde nada podia falhar. Outra data não menos importante, pelo menos para mim, era o Carnaval, no Grémio Literário e Recreativo… mas esses dias ainda vinham longe… mais longínquos e distantes agora em que me revejo nos outros. Presentemente as suas alegrias bastam-me.

O Sol e a sombra, a água na Clepsidra, a areia na ampulheta, o pêndulo, a corda, o rotor, os circuitos integrados, o quartzo, os átomos, todos eles à sua maneira nos medem a nós e ao tempo. Não se esqueçam disto, aproveitem!

Bom Ano!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Perdidos no espaço

Há momentos em que o tempo parece querer distrair-se interrompendo temporariamente a sua marcha irreversível, da mesma forma que uma roda dentada se encrava e o mecanismo cessa de andar, assim esta tarde de Inverno em que o Sol entra pela janela e mais do que aquecer ilumina.

Detenho o olhar na minha filha, que se prepara para os exames, e na gata enroscada a seu lado alheada das preocupações.

Debaixo desta moleza, desta languidez, desta prostração, o tempo, esse felino traiçoeiro e falso, não dorme.


Faixa de Gaza

Não tenho peculiar apreço por forças armadas mas reconheço a sua importância. Como tantos outros cumpri o serviço militar obrigatório, em tempo de paz, do qual não guardo especial recordação. O meu contacto com armas resume-se praticamente a meia dúzia de tiros, ao lado da minha fiel perdigueira, com uma pequena arma de fogo portátil de cano comprido mas capaz de derrubar, desfazer e exterminar os indefesos animais. Através do diálogo conseguiram convencer-me a abandonar esse desporto… como antes o haviam feito em relação ao tabaco, mas não julguem que sou facilmente influenciável.
Houve cedências mútuas e todos saíram de face erguida.

E...?

O problema na Faixa de Gaza nunca será resolvido pela força das armas.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Um mês cinzento?


Despretensioso, modesto, franco, natural, assim classifico este meu pequeno espaço que hoje completa o seu primeiro mês de vida. Não querendo ser presumido confesso que me tem dado muito prazer, uma enorme satisfação, ver a cada dia que passa, os seus visitantes aumentar. São eles, aliás, são vocês a razão desta existência. (já estamos em cinco países de três continentes). O dia cinzento e chuvoso de hoje “levou-me”, a um deles, à Grã-Bretanha com a sua atmosfera húmida e brumosa. Habituado a céu azul e sol não sei se me habituaria a viver no Reino de Suas Majestades. E os meus ilustres e silenciosos leitores, que me dizem?

domingo, 28 de dezembro de 2008

Rir ou Chorar?

Não resisto a transcrever dois pequenos excertos da Mensagem de Ano Novo (2007) do Sr. Presidente da República.

“É muito importante que em 2007 se registem progressos claros em, pelo menos, três grandes domínios da nossa vida colectiva: desenvolvimento económico, educação e justiça".
"Cada povo faz o seu destino. Tenho confiança no futuro porque acredito nos Portugueses".

Dois anos passados e…

Animem-se! Para o ano há mais.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

"The show must go on"

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”.

Charles Chaplin



É nestas ocasiões, em que se junta a família, que nos apercebemos da passagem do tempo. A mesa posta, as cadeiras…

O palco é o mesmo e o cenário só varia consoante a peça: Natal, Ano Novo, Páscoa ou aniversário. Os papéis a distribuir pelos figurantes mudam das mãos dos actores principais para outras ainda inexperientes.

O espectáculo tem de continuar, já se ouvem as pancadas de Molière, a cortina está quase a abrir… Merda! Merda! Merda!

Espírito de Natal

Adiada por isto e protelada por aquilo, há muito aguardada e ainda mais desejada, a sua visita finalmente aconteceu. Franquearam-se portas, abriram-se corações, falámos dos vivos, ressuscitámos os mortos.

“-Tem história esta casa”, disse ela.

Ao fim da tarde, sem que o prevíssemos, vieram as crianças com a sua alegria pura e contagiante encher-nos o sapatinho. Foi o Espírito de Natal!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Alegria breve

Hoje fui com minha mãe a um lar visitar uma amiga de sempre. Essa amizade é tão sincera e tão franca, tão honesta e tão íntegra, que o tempo apesar de as arquear, encarquilhar, desgastar, não consegue destruir.

O novo lar destinado ao apoio de pessoas doentes ou de idade avançada pretende ser alegre, aquecido e confortável. Para ela nunca o será. A satisfação, o calor humano e o bem-estar foram tão breves quanto a visita. Se alguma alegria lhe levei maior foi sem dúvida a tristeza que trouxe comigo.

Prometemos voltar.

Velhas, com sulcos na pele, por fora, por dentro eternas meninas…

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Gerbera

Nem todos os dias se dão ou recebem flores. O mais extraordinário é, salvo erro, engano, ou equívoco da minha parte, a primeira vez que mo fazem. Se acrescentar que a autora deste gesto, memorável para mim, é igualmente outra flor só posso estar duplamente feliz.
Bem-haja Margarida!

Mundo de cartão

Este último álbum de André Sardet não é apenas para as crianças de hoje mas tambem para todas aquelas que um dia já o foram. Decididamente um bom presente de Natal.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Postal de Natal

Aproveitando a maré aqui ficam os meus votos.



sábado, 20 de dezembro de 2008

TP 252 origem Luanda


Um dia mais cedo que o início do Solstício de Inverno, embora com duas horas de atraso relativamente ao horário previsto, chegou o voo mais aguardado. O calor que veio de África já se sente nos nossos corações.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O Xerife

Aguardava pela minha vez na sala do consultório tentando iludir o tempo, como se alguém fosse capaz de o fazer, lendo, mas de forma pouco concentrada. A televisão passava um filme de animação o “Toy Story ”.

Espaçadamente ouvia-se o som de uma broca que me trazia receios antigos. Olhei em redor, revistas, cadeiras confortáveis, e novamente a TV a fazer-me recuar no tempo em que a rua era o nosso mundo…

Jogávamos à bola, a baliza era a porta de uma garagem e tínhamos de estar concentrados, atentos e vigilantes não fosse aparecer de repente o polícia ou mesmo o dono dos postes. Toca a fugir! Às vezes não dava tempo para apanhar a bola…

Brincávamos então com berlindes, peões, aos cowboys, acima de tudo aos cowboys e aos índios. E eu, que era dos bons, tinha para além do chapéu, do coldre com pistola de fulminantes, uma estrela. É verdade, eu era o responsável pela manutenção da paz. Eu era o xerife...

“- Já pode entrar sr…”

Como o tempo passa!!!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Praia do Pedrógão, areia engole o mar


Diz o provérbio que grão a grão enche a galinha o surrão, isso eu entendo e diariamente constato. Mas aquilo que hoje “vi claramente visto” e vos venho dar conta, foi que a areia engoliu o mar. É caso para dizer, a areia, de grão a grão, cobre o mar e o Pedrógão.

Prazer fácil?

Em tempos já o havia tentado mas sem sucesso. Acontece-nos às vezes porque somos ainda muito jovens e outras porque já deixámos de o ser. - Que diabo! Então eu não sou capaz? Nem com uma ajudinha? Desta vez não me escapas!

Afastem desde já esses nefandos, perversos e depravados pensamentos das vossas cabecinhas. Não me refiro ao futebol (frio), esse jogo de rasteiras, nem tão pouco à revista masculina mais famosa do mundo (a amornar), com aquelas coelhinhas de avental tão dedicadas, tão empenhadas, tão sacrificadas em causas tão distintas (a aquecer) mas a livros (já escaldou!).

Há livros difíceis ou leitores que não são fáceis?

Li finalmente e pela primeira vez um livro de António Lobo Antunes “O Manual dos Inquisidores”. E sou sincero, gostei. Pelo discurso analéptico, como peças soltas de um puzzle, pelo tema em si, o antes e o pós 25 de Abril, pelas imagens, pelas metáforas, pelo humor, pelas personagens de carne e osso, pela violência e pelo amor.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Pressa para quê?

Imaginem-se no emprego, pela manhã, alegres e bem dispostos. O chefe, esse gladiador incansável a lutar contra o despertador, esse eterno atrasado que ainda não chegou com o seu ar carrancudo, nos deu os bons dias sem nos olhar enquanto nos estende uma mão mole e o augúrio de um dia colorido logo se dissipa. O céu azul de cerúleo transforma-se, como num passe de mágica, primeiro em azul ultramar, depois em azul da Prússia até se tornar negro. E, por mais misturas que se façam na paleta nada adianta. Está tudo ainda muito fresco… Agora só o tempo, essa enorme borracha, para apagar a tela, não os riscos.

Mas este dia de que vos quero dar conta não foi assim. Com céu limpo, como uma agenda em início de ano ainda por estrear, saímos de casa de amigos em Aveiro rumo ao Porto. Na vida há promessas, desejos, opções, alegrias, tristezas. Decidimos, desta feita, ir de comboio por todas essas razões.

Entre o Alfa Pendular, o Intercidades e o Urbano optámos pelo último por nos oferecer a melhor relação preço viagem, i.e., pagámos menos e andámos mais tempo.

E o resto da história?( perguntam vocês). Calma, isto não é nenhum TGV.

O importante não é a partida ou chegada mas sim a viagem. Pressa para quê?


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Pimba!

Foi em cheio, não deu hipóteses.

As mulheres, essas serpentes que nos encantam, essas corredoras de fundo que nos deixam para trás ofegantes, essas xadrezistas que ainda só mexeram um peão e já nos estão a dar cheque mate, essas calculistas que mal sabem contar e resolvem problemas complicados, essas sereias que nos prometem uma vida calma e pacata e logo transformam em turbilhão, essas que usam calças para parecerem homens…(?!...)

“-Vá lá Ruca, a tua mãe ia gostar”. E ele, um coração de manteiga como o pai mas de outra estação do ano, a derreter-se, a dizer que sim. “-Têm lá muito espaço e sempre era uma companhia”.

Se a mãe e a filha estavam alegres “a outra” radiante, pudera. ("-Puxa! Deste já me safei!") "Fica aqui o brinquedo dele. Adeus Quimba”.

Na altura da separação pareceu-me ver uma lágrima. Hoje não tenho dúvidas, era mesmo uma lágrima, mas de alegria. Pudera!

Talvez esteja a exagerar o outrora Quimba, agora “rebaptizado” Pimba por mim, não é assim tão mau (é bem pior!). As suas necessidades fisiológicas só as faz em dois sítios, no canil e fora dele (em qualquer lado). Mas é tão giro, tão fofo (sacana do rafeiro).

P.S.: Se não sabe o que oferecer neste Natal pode sempre contar com este seu fiel e dedicado amigo. Não paga nada e ainda recebe um saco inteiro de ração.


Aveiro

Facilmente acessível e com várias opções, dependendo da vontade ou tempo.

Sugestão: deixe-se marinar na sua água, salgada a seu gosto. De entrada peça umas enguias ou fritada mista de peixe, (sem esquecer o rodovalho). Pelo meio, se é de boa boca, venham lá esses rojões que um dia não são dias. Aí pelos ¾, para “limpar” os excessos, só mesmo uns ovinhos moles. No final com o café não peça digestivo, se for conduzir, opte antes por umas raivazinhas.

Português que é, vá dar uma volta, circule, que é a maneira mais airosa de contornar um problema. Mas a pé, que é para ganhar apetite para o lanche/janta). Veja os canais, as casas típicas, os monumentos. Não deixe de passar pela Capela de São Gonçalinho e penitencie-se pela sua gula. Peça-lha umas cavaquinhas e …

Para os amigos traga uns sabonetes e cremes hidratantes ecológicos feitos à base de sal. Vai ver que eles não conhecem, ficam mais cheirosinhos e vão adorar.

Se tiver a sorte como eu, de ter amigos lá, então deixe-se ficar que a boa-vida também cansa. No outro dia “… e o Porto aqui tão perto…”

P.S. Obrigado aos "patrocinadores" Nela, Diogo, Dora, Emídio, Dorinda e Maia.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Quero-os a todos!

“Budapeste” de Chico Buarque foi o último que li. “É a história de um escritor dividido entre duas cidades, duas mulheres, dois livros e duas línguas…”.

Sinto-me de certa forma também dividido. Entre o menino, que escutava pelo rádio “A Banda”, o adolescente, que compra os seus primeiros discos e o adulto, que anos mais tarde assiste à “Ópera do Malandro", viaja até terras dos magiares, cruza o Danúbio...

Egoísta assumido, não largo mão do que é meu. Quero-os a todos!

domingo, 14 de dezembro de 2008

Balanço

Com o ano prestes a findar há que verificar receitas e despesas, como em qualquer casa comercial, com vista à sua elaboração.

À semelhança do que se passa à nossa volta, também o património familiar sofreu danos, prejuízos e perdas irreparáveis. Primeiro o sogro, depois o pai…

Não estamos ainda no vermelho, longe disso. Os novos “investimentos” Salvador e Eva prometem já no curto prazo ganhos, proveitos e lucros fabulosos.

Apesar dos tempos negros que se avizinham é com confiança que encaro o novo exercício.

Contagem decrescente



Tempo frio e chuvoso este.


Nostálgico, entre partida e regresso, passageiro, transitório, promissor.


sábado, 13 de dezembro de 2008

"Hoje soube-me a tanto, portanto"

A casa esteve cheia.
Se uns nos visitaram, outros, os ausentes não deixaram de aqui estar.
E entre café, tostas, doces, saboreámos, mais que tudo, a amizade.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Confissão

Não consigo resistir. Sejam elas novas ou velhas, o meu olhar é atraído como que por um íman, fico a contemplá-las embevecido... pequenas e ingénuas ainda, ou, já grandes e sabidas. Há-as distintas, brilhantes, finas, elegantes, ou simplesmente anónimas, gordas, rudes, engelhadas e maltratadas. Aos meus olhos todas têm sua história para contar – “As mãos”.



quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A quinta

O escape dele é a quinta. Não é uma fazenda, rancho, ou propriedade rural.

Uns há que preferem a sexta, outros o sábado e a grande maioria o dia do Senhor. Ele gosta mais da quinta. Diz até ser o mais aguardado e colorido dia da semana.

Tendo em conta que é daltónico nunca saberemos ao certo as tintas com que nos pinta.

O motivo está à vista: http://corepinceladas.blogspot.com/

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Com as tripas à vista

Nem sempre o que parece é.

Os nossos sentidos não nos enganam. Por mais que tentasse não conseguia avançar. O olhar parara subitamente ali. Poderia ter havido outras escolhas mas fora aquela a sua. Estava decidido, iria em frente.

Foi então que ela lhe perguntou: “- e o senhor, já escolheu?”

- Tripas à moda do Porto!

Gratidão

Foram apenas dois dias, intensos e a transbordar de alegria. Com algum frio e imenso calor humano.

A vida, essa felina que ora nos lambe ou nos crava as garras, é assim mesmo, imprevisível. Não nos deixemos enganar pelo seu ronronar. Aproveitemos enquanto nos for permitido.
Obrigado!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Idolatria

Nunca a pratiquei mas também tive os meus ídolos. Quem não os teve? Quem os não tem?

Hoje sou obrigado a usar lentes por necessidade. No passado, para melhor me identificar com ele, cheguei até a comprar uns aros redondos…Ainda os tenho.

Morreu assassinado em Nova York a 8 de Dezembro de 1980, a sua música não.



domingo, 7 de dezembro de 2008

"Tempus fugit"


O tempo traz consigo uma poeira nostálgica que distorce as imagens para simultâneamente as tornar mais nítidas. Contradição?


Quando tirei esta foto olhei mas não vi, o silêncio que já os envolvia, os olhos tapados, prenúncio do fim.


"Sed fugit interea fugit irreparabile tempus" ("Mas ele foge: irreversivelmente o tempo foge") Vírgilio

sábado, 6 de dezembro de 2008

Não me tirem o meu Natal


A mesa este ano vai estar mais vazia para sempre, só ela, não o meu coração.
Enquanto a memória não me abandonar, o que fatalmente irá acontecer como à ingenuidade e à ilusão de um adolescente, quero lembrar que um dia também fui menino. Até que o pacto não se desfaça, este não é vitalício, irei recordar... e tanto que eu tenho!
A "minha rua"..., não me refiro ao sítio onde morava mas sim aquela que me fascinava, para onde tentava sorrateiramente atrair e depois "arrastar" meu pai até aquela montra. Um autêntico delírio - o Bazar das Novidades. Caixinhas de Lego, pistas de comboios, carrinhos, o Batman, sei lá, tanta e tanta coisa para escolher com a vista...
Chegado o tão aguardado dia, fosse qual fosse a que me caísse no sapatinho, a alegria era enorme e verdadeira. Hoje, não quero prendas, não quero nada. Só peço que não me tirem o meu Natal.

domingo, 30 de novembro de 2008

À lareira com o meu avô

Sempre que vou à arrecadação buscar lenha para a lareira, recordo-me do meu avô já velhinho e fraco de aparência. Foi ele quem me ensinou a rachá-la e amontoá-la sem que esta caísse. Se agora a tarefa parece fácil, na época já não era tanto assim. Escuto ainda a sua voz, "assim não menino" e revejo as suas mãos, calmas, enrugadas, experientes, por força dos muitos Invernos vividos, corrigindo o meu trabalho apressado.
Este meu avô, tal como o de Saramago, tinha um enorme amor pela terra e soube transmiti-lo aos seus.
A par do amanho das terras possuía uma carvoaria onde vendia, para além do carvão, moinha, petróleo e lenha. Estes eram para muitas famílias produtos de primeira necessidade pois com eles grande parte cozinhava e se aquecia.
Nas minhas férias grandes os dias eram então maiores que agora. Pelo final da tarde e depois de muita traquinice, como andar aos pássaros, descobrir mundo no campo ou no pátio junto à casa, remexendo nas capoeiras em busca de ovos, espreitando os coelhos, ou dando milho e maçãs verdes aos porcos, vinha esperá-lo para o ver chegar na sua bicicleta com o seu cesto de verga com as marmitas vazias que mais tarde minha avó iria encher.
Mas não pensem que o dia acabava aqui. O comerciante fechara a tenda até ao outro dia mas agora aguardava-o a enxada e mais que esta a sua horta.
E à noite, junto à lareira que também era o fogão da casa, antes que viesse o João Pestana escutava de olhos arregalados as histórias que todos os avós sempre têm e sabem contar tão bem.
(P.S.) O tampo, por cima do recuperador de calor da minha lareira, é carvalho proveniente de casa de meus avós.

sábado, 29 de novembro de 2008

Outono

Este quadro, dos primeiros que pintei, funde-se comigo.

Acabado o verão e com ele os meus 50 anos, entrámos no Outono.

As folhas que começaram a cair lembram-nos já o Inverno que não tarda em chegar.