sexta-feira, 26 de março de 2010

Um problema de expressão

Diz o ditado que, “só temos uma oportunidade para causar uma boa primeira impressão”. No meu caso particular, o primeiro encontro, mais do que um fracasso foi um autêntico desastre, fez-me lembrar o especialista em minas e armadilhas ao qual lhe é permitido falhar apenas uma única e fatal vez.

E no mundo dos livros, será mesmo assim?

A primeira abordagem a António Lobo Antunes não foi a melhor, reconheço, o que originou afastamento e repulsa pelas suas obras. Como nunca é tarde de mais, dizem, lá chegou a hora, ou melhor, o dia em que fizemos as pazes e finalmente nos começámos a entender. Mais do que “Um problema de expressão”, de que nos fala a canção dos Clã, era a minha dificuldade em pegar nesse emaranhado novelo, retirar-lhes os nós, tentar entender essa malha meia desse tricot de palavras.

Do livro “Os Cus de Judas” deixo aqui alguns excertos: “… Vi a miséria e a maldade da guerra, a inutilidade da guerra nos olhos dos pássaros feridos dos militares…” “…Tão esquisito, entende, que me pergunto às vezes se a guerra acabou de facto ou continua ainda, algures em mim, com os seus nojentos odores de suor, e de pólvora, e de sangue, os seus corpos desarticulados, os seus caixões que me aguardam…” “… Quem veio aqui não consegue voltar o mesmo…”

Concordo em absoluto. E vocês?


quinta-feira, 18 de março de 2010

Mini Croissants

"Primeiro é preciso surpreendermo-nos”, terá dito Daniel Arasse (historiador de arte), e, foi precisamente isso que aconteceu há dias, num lanche das aulas de pintura, quando uma das novas e promissoras colegas (*) nos presenteou com um belo acepipe. Da visão ao tacto e do tacto à boca foi uma questão de segundos. Pude confirmar, uma vez mais, que os meus sentidos não me enganam. Depois de repetir esse gesto, vezes sem conta, pedi a receita só para comprovar que…

Ingredientes:
2 chávenas almoçadeiras de farinha, 1/2 cháv de leite, 50g de margarina derretida, 2 colheres de sopa de azeite ou óleo, 1 colher de sopa de fermento em pó, 1 colher de café de sal fino, 150 g de linguiça, farinha p polvilhar e 1 gema para pintar

Numa tigela amassa-se tudo até a massa descolar, ficando leve e moldável. Faz-se uma bola e descansa 10 minutos. Corta-se a linguiça ao meio no sentido do comprimento e de seguida em pedaços de 3 cm, sensivelmente. Estende-se a massa com o rolo com uma espessura relativamente fina (menos de 0,5 cm). A massa n deve ficar alta para n ficarem massudos, podendo comer-se muitos mais!! Com uma faca cortam-se os triângulos com base ligeiramente superior ao comprimento do palito e altura superior.
Coloca-se o palito na base do triangulo e enrola-se. Põem-se os croissants no tabuleiro polvilhado e pincelam-se com gema ao de leve. Vão ao forno bem quente cerca de 15 minutos; isto é qd estiverem com aquele aspecto apetitoso.
Podem provar-se quentes, saborear-se mornos e se passarem essas barreiras....comer-se frios. Seja como for.... bom apetite!

… nós, homens, brancos, pretos ou mulatos, também podemos dizer: Yes, we can!

(*) Obrigado Graciela

quarta-feira, 10 de março de 2010

Amanhecer


Da noite escura surgem timidamente estremunhados os primeiros raios de luz, ouvem-se já os pássaros, e aos poucos a terra orvalhada desperta.

Pergunto-me... será um dia mais ou um dia a menos?

Audioblogue

Estúdio Raposa é um audioblogue (de Luís Gaspar) destinado aos que gostam de Livros, Histórias, Poesia, Prosa (Poética).

Aqui, neste espaço, arrancam-se as palavras do papel e dizem-se, soprando-lhes vida nova, fazendo-as flutuar em sonoras centelhas de luz. Recitar realiza, quebrando o silêncio, aquilo que o silêncio pretende e não consegue”.

sábado, 6 de março de 2010

Saudades...

Saudades…

Dos dias grandes, com muita luz
Da roupa leve e fresca
Da minha bicicleta
Dos campos floridos

Mas mais do que tudo
Daquele tempo onde tu estavas
Que era tudo e bastava

Por isso te pergunto Infância querida
Porque me viras as costas?
Porque fugiste de mim?

sexta-feira, 5 de março de 2010

Poucos mas bons!

Mau feitio? Eu???

No Banco havia quem me chamasse Melga, Diabo da Tasmânia… Foi já há tanto tempo… nem me quero lembrar. Hoje, como no passado, penso que exageravam (os animais parecem até bastante inofensivos). Não venho queixar-me do tempo passado ou presente e dou-me já por feliz saber que não irá haver seca este ano.

Mas, por falar nisso (seca ou chuva intensa neste caso para mim é o mesmo), ando a ficar que nem um Abade (nada tem a ver com excesso de peso), cheio, enfartado, (com tanto email na caixa de correio) que começo a perder o apetite. Como é sabido, fartura a mais cansa, deixa de saber bem.

É por isso que prefiro poucos mas bons. E vocês?

terça-feira, 2 de março de 2010

Kikia Matcho

As minhas mais recentes leituras prendem-se com uma pequena colecção de conceituados autores lusófonos que a revista Visão lançou.

Deste escritor guineense Filinto de Barros, que desconhecia por completo, li Kikia Matcho, romance/caricatura sobre os donos do poder ao longo dos tempos (sejam eles brancos, mulatos ou pretos). Aqui ficam pequenos excertos dessa obra:

“A força, a mentira baptizada de astúcia e o roubo encoberto pelo espírito messiânico de cristianizar os infiéis…”

“O discurso revolucionário de tudo fazer em nome do povo dera lugar ao com o poder não se brinca”.

“Os memos erros, os mesmos desejos de posse e mando, de desinteresse pela condição humana e as mesmas mentiras em nome das massas populares…”

“Os miúdos foram à guerra para correr com os brancos! Nós preparámos o caminho aos nossos filhos para nos livrarem dos brancos! Os brancos partiram, mas os nossos miúdos transformaram-se em brancos!”

“Ninguém era pobre num ambiente de pobreza. As pessoas pareciam felizes com o que tinham e ninguém exigia, por não ter conhecimento do que exigir”.

“É assim a África, o continente da vida, o continente que em vez de repudiar as influências externas acaba por as assimilar, transformá-las e fazer delas traços culturais à sua maneira”.

Boas leituras!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Basílio Artur Pereira

Pessoa simples, leiriense como poucos, uma das referências desta cidade, foi o último alcaide do castelo. Homem completo inteiro perfeito.

Sr. Basílio, esta é a imagem que guardarei de si.