sábado, 31 de março de 2012

Coimbra Tem Mais Encanto E....


Esta manhã fomos a Coimbra (Largo de Sansão - Praça 8 de Maio) espreitar a IV Festa da Arrufada. 




Vimos cestos vistosos, repletos desses pães doces de leite que nos desafiavam,



bonitas vendedeiras, vestidas a rigor,


 e ouvimos os seus pregões. 

"Coimbra tem mais encanto..." e arrufadas. Difícil ficar indiferente. 

terça-feira, 27 de março de 2012

A Taça de Chá

(clique na imagem)

Óleo sobre Tela - A Taça de Chá
Rui Pascoal


"O luar desmaiava mais ainda uma máscara caída nas esteiras bordadas. E os bambus ao vento e os crisântemos nos jardins e as garças no tanque, gemiam com ele a adivinharem-lhe o fim. Em roda tombavam-se adormecidos os ídolos coloridos e os dragões alados. E a gueixa, porcelana transparente como a casca de um ovo da Íbis, enrodilhou-se num labirinto que nem os dragões dos deuses em dias de lágrimas. E os seus olhos rasgados, pérolas de Nanguim a desmaiar-se em água, confundiam-se cintilantes no luzidio das porcelanas.

Ele, num gesto último, fechou-lhe os lábios co'as pontas dos dedos, e disse a finar-se: — Chorar não é remédio; só te peço que não me atraiçoes enquanto o meu corpo for quente. Deixou a cabeça nas esteiras e ficou. E Ela, num grito de garça, ergueu alto os braços a pedir o Céu para Ele, e a saltitar foi pelos jardins a sacudir as mãos, que todos os que passavam olharam para Ela.

Pela manhã vinham os vizinhos em bicos dos pés espreitar por entre os bambus, e todos viram acocorada a gueixa abanando o morto com um leque de marfim.

A estampa do pires é igual."

(Almada Negreiros, in 'Frisos - Revista Orpheu nº1)


P.S.  Apresento as minhas desculpas ao Almada por este atrevimento. Pum!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dia Mundial da Poesia


Nem só de poesia vive o Homem... esta manhã fui ao I.P.O. a Coimbra, acompanhar uma Amiga. 
















Enquanto ela fazia exames e o tratamento de quimioterapia desloquei-me ao Museu Municipal para visitar a Colecção Telo de Morais (Pintura Portuguesa do séc. XIX e primeira metade do séc. XX, Mobiliário, Arte Sacra, Cerâmica, Pratas e Desenhos). Depois de adquirir o ingresso fui surpreendido com a oferta de um livro de poesia. Como me disseram para escolher, trouxe comigo "Miguel Torga – O Poeta Pintor" de Maria Fernanda do Amaral Soares.

Ao sair do museu, junto ao Edifício da Câmara Municipal, havia uma pequena manifestação que suscitou a minha curiosidade. Para poder ler um cartaz acabei por entrar no edifício e, nova surpresa. Uma banca repleta de livros, desta vez não havia direito a escolha, veio o “Ofício Imperfeito” de Paulo Ramalho.

Já de regresso ao I.P.O. ainda passei pelo Jardim da Sereia, onde bebi um chá com uns biscoitos pequeninos muito crocantes, e, como “não há duas sem três, nova surpresa. Mais um livro, desta feita “A Poesia de Camilo Pessanha” (Edição crítica de Carlos Morais José e Rui Cascais). Nada mau para quem só queria aconchegar o estômago…

Mas se pensam que a história termina aqui, esqueçam. No verso deste livrinho vinha outro desafio, do Departamento de Cultura da Câmara Municipal de Coimbra, bastava dirigir-me à Casa Municipal da Cultura e mostrar o exemplar. Como ficava em caminho… aqui estão.


E, como nem só de Poesia vive o Homem, trouxe também uns pastéis de Tentúgal...  

A minha Amiga é uma lutadora! Claro que vai ficar bem!!!


domingo, 18 de março de 2012

Renascer...

Esta manhã no meu quintal,


"... olho o renascer da vida nos primeiros rebentos das árvores e estou bem". 



terça-feira, 13 de março de 2012

Ele há cada ranhoso...

Coisas há, que nunca mudam. Esta constipação, por exemplo, insiste em acompanhar-me e não adianta trocar de café...

Depois da bica pego no livro e entre a leitura pausada e umas assoadelas apercebo-me, pelo canto do olho, que na mesa ao lado está uma senhora, parecia ser uma senhora, sorrateira, a rasgar sem grande habilidade uma folha do pasquim da casa. Indignado com a sua atitude passei a olhá-la de modo diferente, i.e., agora com a curiosidade de um miúdo. Assim que se sentiu “descoberta” abeirou-se da minha mesa para se justificar…

Eu não lhe perguntei nada, disse-lhe eu com o nariz fanhoso e agora de olhos muito abertos. Como insistia em desempenhar o papel da vítima assumi o de carrasco, sugeri-lhe que além do boletim do concurso levasse também as más notícias e já agora, pelo mesmo preço, a minha constipação.

Ele há cada ranhoso…

.........

Tenho uma grande constipação

Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.

(Álvaro de Campos, in "Poemas")

domingo, 11 de março de 2012

Pinhal de Leiria


Enorme mancha verde situada na região centro do  país mandada plantar para  proteger terrenos agrícolas e fornecer madeira para as embarcações dos Descobrimentos Portugueses,






foi fundamental para o desenvolvimento  económico e demográfico da região  (construção naval,   indústria vidreira,  metalurgia,  produtos resinosos). 




O Pinhal de Leiria, ou Pinhal do Rei, é também um óptimo local de lazer para os amantes da natureza. 



sábado, 10 de março de 2012

Praia do Pedrógão no Inverno

Dia 10 de Março de 2012, "início de mais uma época balnear".

(Clique na imagem)
















"A luz, o mar, o vento. E as flores, os animais, a vida inteira. Não  te apetece  gritar?   Explicar  tudo   isso  num  grito?  Num  excesso   do excesso?"


(Vergílio Ferreira in Pensar)

sexta-feira, 9 de março de 2012

Adivinha, Branco É...

Frio, calculista, vingativo, desleal, separa em vez de unir, foge quando era suposto dar a cara, cala-se quando deveria falar e palra quando o silêncio é de ouro…

Conseguem adivinhar quem é esta “virgem ofendida”?  Vou dar uma ajuda: Branco é... mas não fui eu que o pus lá.


quarta-feira, 7 de março de 2012

Mendigos em Belém... Queda do Império

Ainda não sei quanto irei receber. Tudo somado, quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despesas…” 

(clique na imagem)


Faz-te à Vida pá, não sejas malandro. Vai dar música a outro!!!




segunda-feira, 5 de março de 2012

Fado - Uma Música do Povo

Foi mais fácil e rápido tornar o Fado Património Imaterial da Humanidade do que eu pintar esta tela. Isso não é tirar-lhe o mérito, pelo contrário, é render-me à evidência…

Óleo sobre Tela - Tasca do Fado
Rui Pascoal - 2011

Há uma música do Povo
Nem sei dizer se é um Fado
Que ouvindo-a há um ritmo novo
No ser que tenho guardado…
Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser…
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver…
Mas é tão consoladora
A vaga e triste canção…
Que a minha alma já não chora
Nem eu tenho coração…
Sou uma emoção estrangeira,
Um erro de sonho ido…
Canto de qualquer maneira
E acabo com um sentido!


(Fernando Pessoa)



domingo, 4 de março de 2012

Daqui desta Lisboa...


Esta manhã era suposto visitar o Museu da Electricidade mas chegado ao local, avariei, i.e., fez-se luz. Agora têm lá os chineses, que se lixem, já não precisam de trocos, até podiam aliviar a continha… 

Ficar fechado? Já bastou ontem. O dia não prometia chuva, o Tejo estava ali ao lado… não, hoje fui apanhar ar. 



O Infante

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português,
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.


Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

(Fernando Pessoa)


P.S. (Falta aqui uma cançãozinha... que tal esta? Mas se preferirem outra...)


sábado, 3 de março de 2012

Dois em Um... São Três


Em finais de Outubro do ano passado andei por lá. Vi a fauna, a flora e... prometi voltar



Aqui estou a fazê-lo. 



Foi uma tarde cinzenta mas muito colorida.









"As Quatro Estações" de Beatriz Milhazes (Rio de Janeiro – 1960). 













Rosângela Rennó (Belo Horionte – 1962), "Frutos Estranhos".

Depois destas duas magníficas exposições restava ainda a cereja no topo do bolo - "Fernando Pessoa - Plural Como o Universo". 


A não perder na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, até 3de Abril de 2012. 


 

quinta-feira, 1 de março de 2012

The Show Must Go On




"Dentro em breve vai descer o pano, o espectáculo acabou. Que papel foi o teu? Não o sabes bem, mas não vale a pena sabê-lo. Terás talvez desempenhado um papel importante. Terás talvez desempenhado um papel secundário como o daqueles criados que entram em cena para dizerem apenas está lá fora uma senhora e não dizem mais nada até ao fim. Ou o de um músico que toca apenas algumas notas ou uma só vez os ferrinhos. Mas pensa que essa breve intervenção foi importante para a peça se realizar. Não tens missão nenhuma, mas tiveste. Quanta coisa foi possível acontecer só porque disseste está lá fora uma senhora ou tocaste uma só vez os ferrinhos? Não o sabes. Mas foste útil decerto a toda a representação ou concerto. Dentro em breve o pano vai baixar. E a História fez-se contigo e foi silêncio como com todos os outros."

(Vergílio Ferreira in: Pensar)

Posto isto... o espectáculo não pode parar.