quinta-feira, 31 de julho de 2014

Este nó na garganta...


Ó camponês,
não me dês
os bons-dias.
Nem tires o chapéu
à morte dos dias.

Berra!

Não queiras o céu
antes da terra.
  

(José Gomes Ferreira)


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Por do Sol


“O Sol desce pouco e pouco, majestoso e sereno, no céu todo doirado e a luz forma uma estrada que liga o areal ao infinito, uma estrada larga, de oiro vivo, que começa a meus pés, na espuma ensanguentada, e chega ao Sol (…).”


In “Os Pescadores” de Raul Brandão.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Eu gosto é do verão

(Fotos originais)





quarta-feira, 23 de julho de 2014

PORTUGAL


PORTUGAL

Este verde azul cinzento
este sol esta bruma este
sabor a Atlântico por dentro
do vento oeste.

Este não haver regresso
do verbo navegar.
País avesso
Só mar.

In Obra Poética de Manuel Alegre

terça-feira, 22 de julho de 2014

A boca




 A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera
(que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar.

Levar-te à boca,
beber a água mais funda do teu ser
se a luz é tanta,
como se pode morrer?

(Eugénio de Andrade)

segunda-feira, 21 de julho de 2014

"Melhor é experimentá-lo que julgá-lo..."

Aos vinte anos de idade, vá-se lá saber porquê..., imaginava a “Ilha dos Amores” assim:


Pinhal de Leiria



"Ó que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves, que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã, e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo."

in "Os Lusíadas", Canto IX  (Luis de Camões)

 ............


(Há coisa de dois meses, encontrei, na Feira de Velharias em Leiria, a 6ª edição do livro “para compreender Os LUSIADAS”, da autoria da minha saudosa professora Amélia Pinto Pais. Ao trazê-lo para casa, atrás de um livro outro livro vem, fui-me à estante e zás, dei comigo a ler essa epopeia. Naquele tempo, falo por mim, não tinha maturidade para entender o Poema, era uma tortura das antigas... hoje, "o antigo" e "o Velho do Restelo", sou eu.)