terça-feira, 28 de abril de 2009

A minha primeira curta-metragem

Faz hoje precisamente dezanove anos que me iniciei nestas coisas da Sétima Arte. Com um orçamento limitado, sem guião, munido de uma simples câmara de filmar com tripé, propositadamente comprada para o efeito. À partida o reduzidíssimo elenco contava apenas com uma actriz principal, duas ou três secundárias e o próprio “Camera Man”. Apesar da parcimónia de meios o trabalho foi muito esforçado e sentido tendo o resultado final excedido todas as expectativas. Houve até quem dissesse ser o filme mais bonito que já tinha visto. Gostos. Não discuto. Vamos à película.

A acção desenrola-se em Coimbra, num Hospital. Entram e saem ambulâncias, macas, pessoas. Sentados, aqui e ali, os pacientes aguardam lentamente pela sua vez. Numa parede, alheio, indiferente e incansável, um relógio marca o tempo que já passou mas não informa quanto há ainda que aguardar. São oito horas, é o render dos turnos. A espera prolonga-se e a ansiedade aumenta. Por fim a entrada, a cama, os tubos, as máquinas, medições, receios, aflições.

O dia promete ser longo e não engana. O cansaço faz-se sentir mas há que ser forte, principalmente agora e mais que nunca. Já passa das 23:30. Num ápice tudo se transforma. As enfermeiras correm, levam-na. Peço para as acompanhar. Dão-me uma bata e sigo-as com a máquina já assente no tripé.

- Força! Força! Não desista. Está quase. Isso, isso. Vá, mais um esforço. Isso.

Gemidos, lágrimas, a câmara tudo regista.

- Já está. É uma menina.

Finalmente mãe e filha frente a frente exaustas. O operador de câmara, esquecido a um canto, sai de cena. Fica só. Mas a alegria que transporta é enorme. Acaba de ser pai.

Moral da história, perdeu-se um realizador mas ganharam-se duas excelentes artistas. Parabéns às minhas meninas!

domingo, 26 de abril de 2009

Exposição no TURISMO

Cor Com Sentimento


Um grupo de artistas amadores, com percursos diferentes, mas com o mesmo desejo, fantasia e empenho. Esta mostra de arte plástica reúne trabalhos diversos onde não faltam a cor e o sentimento.


De 1 a 13 de Maio - 2009
Posto de TURISMO de Leiria
Inauguração – 1 de Maio às 18h00
Entrada livre. Diariamente das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 19h00
Contamos com a sua presença.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O algodão não engana...


As minhas duas últimas aulas de pintura não me correram particularmente bem.

O cansaço físico, provocado pelas minhas lides na agricultura, e o meu daltonismo não justificam tudo. A falta de jeito é enorme e notória. Mas, como repetidamente tenho dito, sou abonado pela sorte. Além da professora esforçada, a quem por certo já criei alguns cabelitos brancos, conto igualmente com um óptimo marceneiro. Daí que, depois de concluídos e emoldurados, os quadros não pareçam assim tão mal…

A verdade é que o algodão não engana, e eu também não!


quarta-feira, 22 de abril de 2009

Velhice precoce?

Se há coisa que gosto é de viajar.

Em jovem, livre de compromissos mas com fraco poder económico, as minhas deslocações estavam limitadas. Já nessa altura fazia o que hoje aconselham “vá para fora cá dentro”. Depois veio o casamento, a casa, os filhos… as saídas, cada vez mais difíceis, iam sendo restringidas e outras adiadas. Sem me dar conta os anos foram passando, os rebentos ganharam asas… O pequeno arbusto que eu fui também cresceu e tornou-se numa árvore, de folha caduca, com raízes profundas.

Hoje disponho novamente de tempo, e alguns bens ao luar, mas falta-me a coragem para partir sozinho. Olho-me ao espelho. Impossibilitado de me deixar guiar pelos sonhos de adolescente, fico tentado a fazer (como no livro de Óscar Wilde “O retrato de Dorian Gray”) um pacto com o diabo, em troca da juventude eterna.

Sinais de velhice precoce?

sábado, 18 de abril de 2009

Inspiring


Este tríptico “Inspiring” de Dulce Bernardes é uma das obras expostas no Teatro José Lúcio da Silva. Transmite calma, serenidade e talento, qualidades que vejo na sua autora.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Intersecções


É inaugurada amanhã, no Teatro José Lúcio da Silva, uma exposição de pintura de Dulce Bernardes (*) e Milú Dias. Ela irá estar patente ao público até 17 de Maio sendo a entrada livre (diariamente das 17h30 às 24h00). Imperdível!

(*) minha professora de pintura

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Sexo e a Cidade

Se pensam que vou abordar um tema cá do nosso burgo desenganem-se. Tão-pouco escreverei daquilo que os anjos não têm (se não existe, para quê falar?). O título deste “post” foi plagiado ao filme daquelas quatro amigas de Nova Iorque, que vi no ano passado, do qual apenas retenho uma vaga ideia. A Sarah Jessica Parker pediu ao noivo que lhe desse, em vez de jóias ou outros adornos, um armário grande, aliás, bem grande.

Assumo que sempre fui parco em roupas e agora mais que nunca. Em vez de fatos, gravatas e outras peças de vestuário, passei a adquirir muitas telas em branco para um dia pintar.

Se relativamente ao vestir, quando chega a hora da escolha, tenho a tarefa facilitada já não posso dizer o mesmo quando pretendo iniciar um novo quadro. O difícil não é o pintar, o difícil mesmo é a escolha. Este ou aquele?

sábado, 11 de abril de 2009

Mona Lisa versus Nha Negra


A obra mais conhecida de Leonardo da Vinci, que já tive o privilégio de ver, é La Gioconda com o seu sorriso enigmático. O quadro representa o padrão de beleza da mulher nessa época. Longe de me querer comparar a este génio, ou a qualquer outro, não tenho dúvidas em afirmar que Nha Negra (Nha Cretcheu) não lhe fica atrás. Sem ter uma Mona (cabeça) Lisa, a sua carapinha e os seus totós juntamente com outros atributos que ela vos mostra, atiram com a famosa para o canto do salão. Concordam ou não?

Votos sinceros de uma Páscoa Feliz. Bem Hajam!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Máscara? Nem no Carnaval!

Entre dúvidas e certezas a vida é também feita de diversas e variadas opções. O simples acto de tomar café, ritual diário que não prescindo, é disso exemplo. Curto ou cheio, pingado, com ou sem cafeína, açúcar ou adoçante, cheirinho, chávena normal, fria ou escaldada, dentro ou fora? O que eu nunca dispenso a acompanhar é de algo para ler. Adepto que sou dos espaços abertos da luz natural e do ar puro, em detrimento dos ambientes pouco iluminados e ainda mais viciados, procuro, principalmente nesta altura do ano, desfrutar da luminosidade do Sol e do seu calor. A idade, alem de algumas mazelas, traz consigo também muitos caprichos e algum saber, por isso não é de estranhar que consoante a hora do dia eleja esta ou aquela esplanada. O Sol esse não me incomoda, porque para além do livro trago comigo um chapéu, agora o fumo do tabaco é outra história... Por mais que me esforce não consigo usar máscara, nem mesmo no Carnaval.

terça-feira, 7 de abril de 2009

O fruto proibido

Se em meados de Fevereiro eu já andava meio enfeitiçado por essa crioula cor de chocolate, a quem carinhosamente chamo de “Nha Negra”, imaginem hoje como me sinto. Nessa altura prometi caso “houvesse avanços” dar-vos notícias e aqui estou a fazê-lo.

Depois de muita morna e coladeira foi lentamente perdendo seus receios. Embalada por esses ritmos, cedendo aos meus apelos, “nha cretcheu” veio vindo para casa. Apesar de já partilharmos o mesmo tecto pediu-me mais algum tempo. Entendo-a e, mais ainda, respeito a sua vontade.

O fruto proibido, dizem, é o mais apetecido. Será?

sexta-feira, 3 de abril de 2009

"Hora Di Bai"

Em miúdo sempre gostei de procurar nos sítios mais ocultos pequenas velharias, para mim eram novidades, que por este ou aquele motivo foram ficando esquecidas no sótão, na cave e noutros recantos menos visíveis.

Há dias deliciei-me no escritório do meu pai a folhear livros antigos, a sentir-lhes o cheiro do papel amarelecido pelo tempo e dei comigo a cismar, a sonhar e fantasiar como outrora. Entre outros trouxe “Hora di Bai” (Hora de despedida) de Manuel Ferreira, conterrâneo do meu progenitor. Este romance leva-nos até Cabo Verde, a um tempo ultramarino, e aos eternos problemas do homem em sociedade. Actual.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Regresso ao trabalho

Antecipando-se ao mais madrugador dos galos e ao brilhante e dourado Astro Rei, com sua voz de comando firme e decidida, ciente da sua missão o despertador tocou, áspero e penetrante.

Ainda ensonado, no quentinho do leito, virei-me para o outro lado para tentar desfrutar um pouco mais desse prazer. O subconsciente contudo não me permitiu. Algo havia que me forçava a levantar. Aos poucos fui tomando consciência que a minha liberdade, brilhante ardente e abrasadora como fogo, se estava a extinguir. Agora, já só restavam as cinzas e de nada valia carpir. Havia que voltar aos horários e ritmos de outrora. Levantar de um pulo, fazer a barba com rapidez, o duche apressado, vestir sem demora, engolir o pequeno-almoço, pegar nas chaves, no carro, chegar cedo, ser o primeiro, abrir e fechar portas, alarmes, segredos e mais segredos, cofres e mais cofres, dinheiros, clientes (esses não têm preço), mala, mapas, estatísticas, pressão, impaciência, urgência, precisão, arrogância, simpatia, desprezo, atenção, olhar, ouvir, falar, conter, explodir!!!

No meio desse pesadelo acordei e lembrei-me destas palavras de Agostinho da Silva "... A reconquista do Éden comportaria para o homem a libertação do trabalho, lavá-lo-ia dessa mancha de animal doméstico sob o jugo, havia de o restituir ao que é o seu essencial carácter: o ser pensante”...

E foi assim, contrariamente ao que aqui expressei e com certa mágoa, que decidi não voltar a trabalhar. Alguém que me conhece até já me via num departamento de controlo de qualidade de uma agência de modelos femininos... Lamento, muito sinceramente, se vos desiludi. Acreditem! Essa não era a minha intenção.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Nunca é tarde!

Nunca é tarde, dizem, concordo. Talvez tenha sido isso que me fez reconsiderar sobre o meu dia a dia. A boa vida tambem cansa, reconheço. Creio que nasci mesmo para trabalhar. Esta história de ir de manhã bem cedinho para a piscina nadar, depois ler para o café, de quando em vez dedicar-me à agricultura, outras vezes a aprendiz de pintor, cansou-me. Como tambem me aborrece estar em casa na Net, sei lá... O facto de me encontrar reformado já há dois anos e contar "apenas" 51 pesou nesta minha decisão. Vou voltar ao mundo do trabalho e já na próxima semana. Antes de me despedir quero agradecer-vos a especial atenção e carinho que me vinham dedicando. Nós voltamos a ver-nos por aí.

Beijinhos e abraços,