domingo, 30 de novembro de 2008

À lareira com o meu avô

Sempre que vou à arrecadação buscar lenha para a lareira, recordo-me do meu avô já velhinho e fraco de aparência. Foi ele quem me ensinou a rachá-la e amontoá-la sem que esta caísse. Se agora a tarefa parece fácil, na época já não era tanto assim. Escuto ainda a sua voz, "assim não menino" e revejo as suas mãos, calmas, enrugadas, experientes, por força dos muitos Invernos vividos, corrigindo o meu trabalho apressado.
Este meu avô, tal como o de Saramago, tinha um enorme amor pela terra e soube transmiti-lo aos seus.
A par do amanho das terras possuía uma carvoaria onde vendia, para além do carvão, moinha, petróleo e lenha. Estes eram para muitas famílias produtos de primeira necessidade pois com eles grande parte cozinhava e se aquecia.
Nas minhas férias grandes os dias eram então maiores que agora. Pelo final da tarde e depois de muita traquinice, como andar aos pássaros, descobrir mundo no campo ou no pátio junto à casa, remexendo nas capoeiras em busca de ovos, espreitando os coelhos, ou dando milho e maçãs verdes aos porcos, vinha esperá-lo para o ver chegar na sua bicicleta com o seu cesto de verga com as marmitas vazias que mais tarde minha avó iria encher.
Mas não pensem que o dia acabava aqui. O comerciante fechara a tenda até ao outro dia mas agora aguardava-o a enxada e mais que esta a sua horta.
E à noite, junto à lareira que também era o fogão da casa, antes que viesse o João Pestana escutava de olhos arregalados as histórias que todos os avós sempre têm e sabem contar tão bem.
(P.S.) O tampo, por cima do recuperador de calor da minha lareira, é carvalho proveniente de casa de meus avós.

sábado, 29 de novembro de 2008

Outono

Este quadro, dos primeiros que pintei, funde-se comigo.

Acabado o verão e com ele os meus 50 anos, entrámos no Outono.

As folhas que começaram a cair lembram-nos já o Inverno que não tarda em chegar.