segunda-feira, 31 de agosto de 2009

À Minha Maneira

Primeiro que tudo é preciso ter vontade, depois tempo. Apressadamente acaba por não saber tão bem e a experiência adquirida ao longo dos anos confirma-o.

Miro-os de frente e de lado. Sinto-os carnudos, desafiadores, apetecíveis e, mais que tudo, irresistíveis. Delicadamente toco-os, apalpo-os, confirmando a rigidez do seu porte. Fecho os olhos e deixo inebriar-me com o seu aroma. Estão mesmo no ponto estes marmelos.

O resto já vocês depreendem. Libertá-los das suas amarras e envolvê-los muito docemente é o passo seguinte. Aos poucos a temperatura sobe e é chegado o momento de introduzir o pau de canela. Deixar cozer lentamente e ir mexendo de vez em quando é fundamental para que não pegue ao fundo do tacho. Por fim é só vertê-la em tigelas e já está pronta a ser comida. E é assim que faço marmelada, a maior parte das vezes sozinho, à minha maneira. Querem provar?

domingo, 30 de agosto de 2009

Forte e Feio

Quem? Eu? É evidente que não me estou a referir à minha pessoa, se bem que ainda aguente duas seguidas, das nossas, claro. Não me refiro a louras, checas, alemãs ou inglesas, já que essas têm outras medidas (*). É sabido que com a idade perdemos velocidade e em contrapartida ganhamos resistência. Mas, daí a deitá-las abaixo, assim do pé para a mão, não é muito cá do meu género além de que não me faz bem, principalmente à garganta. E quanto a beleza, espelho meu, diz-me lá tu se conheces alguém tão modesto como eu?

Grande vai a confusão, pensam vocês, o gajo passou-se ou deixou de tomar os medicamentos. Pois nem uma coisa nem outra, suas mentes perversas. Eu explico.
Em Julho, nesse já tão longínquo mês, estive com a minha mulher no Algarve. Um dia o primogénito veio visitar-nos com a sua amiga. Depois de um mergulho refrescante na piscina fomos todos jantar na Zona Ribeirinha de Portimão a um restaurante que nos haviam recomendado - Forte e Feio. Este nome dava que pensar… Se o ambiente era agradável a companhia não lhe ficava atrás. Amêijoas da Ria Formosa de entrada, muito saborosas, talvez com demasiado molho que os comensais deixaram ficar na travessa mas que a diligente empregada de mesa me serviu, sem que eu tivesse pedido, pelas calças, pulôver, sapatilhas… Enérgica e decidida prontificou-se imediatamente com a escova na mão a limpar-me tudo. Mas no Allgarve estas coisas das limpezas devem ser como as massagens, sabemos como começam mas desconhecemos como acabam e, pensando bem, as nódoas até nem sem notavam muito se me vissem de costas…

Fui à lavandaria, paguei e enviei a factura para o restaurante juntamente com o valor dos portes e o meu NIB. Dias depois confirmei que já me haviam creditado na conta essa pequena quantia. Na expectativa de que nunca me iriam reembolsar desse valor eu já me dispunha voltar lá, para comer e não pagar, e apresentar-lhes agora o valor das portagens, mais o combustível, mais…

Reconheço que aquele restaurante é mesmo Forte e Feio!


(*) Pivo, Weissbier, Pint

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Nunca é a mesma coisa

Sentado, num cómodo sofá, aguardo a minha vez e olho o que me rodeia. Uma panóplia de revistas (Playboy, Maxmen, Turbo, For him Magazine), jornais (alguns deles desportivos), televisão, ar condicionado. A comparação com outros tempos, modas e costumes, surge inevitavelmente. Um pequeno rádio de válvulas, um jornal amarfanhado e sebento, dois cinzeiros de pé alto repletos de beatas…

Em miúdo, tão novinho e pequenino que eu era, sentado os pés não tocavam o chão, as cadeiras não subiam, então, colocavam uma tábua de madeira para ganhar alguns centímetros. E, entre a primeira advertência - “está quieto”, o amarelo - “ não te mexas”, ou o possível vermelho - “olha que te corto uma orelha”, o que eu queria mesmo era a partida acabada, sem minutos extra ou prolongamentos. Safar-me dali, incólume e o mais rápido possível era o meu objectivo.

“Quero que me corte o cabelo, mas não quero o cabelo cortado” é outra das recordações desses tempos. A escassez de outrora, versus, a fartura dos nossos dias faz-me lembrar o anúncio que agora passa. “Se eu podia viver sem isto? Claro que podia, mas não era a mesma coisa”. Nunca é a mesma coisa!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

"Na Natureza nada se cria..."


O mês passado dei-vos conta “do meu tesouro”, um ninho meio camuflado numa buganvília cá de casa, recordam-se?

Desde então, a zelosa progenitora vinha chocando os ovos, eu contava os dias para ver o milagre da multiplicação. Mas na Matemática, como na Vida, as variáveis são imensas e eu reconheço que falhei na solução. Erro de cálculo dirão vocês, antecipação diz o felino lambendo os beiços sempre que olha para mim.

“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. O Buzz, o simpático gatinho que ajudei a nascer, também ele se transformou e de que maneira, desta feita num assassino.

Será que ele também lê este blogue?!...

domingo, 9 de agosto de 2009

Que rica fruta!

Não basta só tê-los, é preciso que estejam no sítio certo e tenham préstimo. Grandes ou pequenos, rijos ou moles, verdes ou vermelhos, de pele fina ou grossa, como os preservativos, existem de todos os tipos e sabores. Mais do que os ostentar, saber usá-los, da melhor forma, e partilhá-los com aquelas pessoas que nos são mais queridas, enchem-nos o ego. A sedução é inevitávelmente o passo seguinte.

Ouvi-las depois dizer - que bom!, ou então, - põe mais um bocadinho que me sabe tão bem, envaidecem-me e dão-me forças para "repetir a dose". Chamam-lhe legume, perdoo-as, mas eles são um fruto (e que fruto!).

Ano após ano a fama dos meus "ditos cujos" já ultrapassou a aldeia, a cidade vizinha, a capital do país, a própria Península Ibérica. Com tostas, bolachas ou nozes, barrado ou à colherada, este doce acompanha-as bem. Pessoalmente prefiro-os em salada, com uma pitada de sal, azeite e vinagre, com um peixinho grelhado e um branco bem fresquinho.

Uma coisa eu vos garanto: são de comer e chorar por mais, estes meus tomates. Duvidam?