Há quem muito cave e pouco ou nada encontre... Há outros que nasceram com o cu virado para a lua, para quem a palavra cavar significa fugir, pisgar, pôr-se a milhas...
Tempos houve em que, mais por ilusão do que convicção, apostei em jogos de fortuna e azar em busca de ganhos astronómicos e imediatos. Se nessa altura acertar no totobola ou no euromilhões não era tarefa fácil, agora, que já não jogo, o grau de dificuldade é bem maior. O certo é que, apesar das descidas constantes das taxas de juro dos depósitos a prazo e das quedas bolsistas, hoje sinto-me rico, muito mais rico. Encontrei um tesouro! Sabem como?
Estava eu em casa, no meu local de culto reflexão e leitura, quando um chilrear despertou um dos meus sentidos e me fez suspender dois trabalhos que tinha entre mãos (isto só para vos mostrar que nós os homens conseguimos fazer duas coisas ao mesmo tempo). Depois do autoclismo despejado e da higiene que se impunha, não resisti, abri a janela da casa de banho e, ipso facto, dentro da buganvília saltou que nem coelho da toca (ou cartola), ou acrobata do trampolim, um indefeso e assustado passarito. Foi como um ginasta e equilibrista que eu, com um pé na sanita e outro no bidé, muito esticado, encontrei bem camuflado pelas brácteas violáceas o seu ninho. Dentro dele quatro minúsculos ovos reluziam como pedras preciosas – o meu tesouro.
Tempos houve em que, mais por ilusão do que convicção, apostei em jogos de fortuna e azar em busca de ganhos astronómicos e imediatos. Se nessa altura acertar no totobola ou no euromilhões não era tarefa fácil, agora, que já não jogo, o grau de dificuldade é bem maior. O certo é que, apesar das descidas constantes das taxas de juro dos depósitos a prazo e das quedas bolsistas, hoje sinto-me rico, muito mais rico. Encontrei um tesouro! Sabem como?
Estava eu em casa, no meu local de culto reflexão e leitura, quando um chilrear despertou um dos meus sentidos e me fez suspender dois trabalhos que tinha entre mãos (isto só para vos mostrar que nós os homens conseguimos fazer duas coisas ao mesmo tempo). Depois do autoclismo despejado e da higiene que se impunha, não resisti, abri a janela da casa de banho e, ipso facto, dentro da buganvília saltou que nem coelho da toca (ou cartola), ou acrobata do trampolim, um indefeso e assustado passarito. Foi como um ginasta e equilibrista que eu, com um pé na sanita e outro no bidé, muito esticado, encontrei bem camuflado pelas brácteas violáceas o seu ninho. Dentro dele quatro minúsculos ovos reluziam como pedras preciosas – o meu tesouro.
Os Ninhos
ResponderEliminarOs passarinhos
Tão engraçados,
Fazem os ninhos
Com mil cuidados.
São prós filhinhos
Que estão p´ra ter
Que os passarinhos
Os vão fazer.
Nos bicos trazem
Coisas pequenas
E os ninhos fazem
De musgo e penas
Depois lá têm
Os seus meninos,
Tão pequeninos
Ao pé da mãe.
Nunca se faça
Mal a um ninho,
À linda graça
De um passarinho!
Que nos lembremos
Sempre também
Do pai que temos,
Da nossa mãe!
(Afonso Lopes Vieira)
Sei um ninho.
ResponderEliminarE o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...
(Miguel Torga)
Está visto que não sou um bom menino... além de revelar o ninho ainda comentei o meu próprio "post" - duas vezes...
ResponderEliminarMas foi para uma boa causa!
O Ninho
ResponderEliminarO musgo mais sedoso, a úsnea mais leve
Trouxe de longe o alegre passarinho,
E um dia inteiro ao sol paciente esteve
Com o destro bico a arquitetar o ninho.
Da paina os vagos flocos cor de neve
Colhe, e por dentro o alfombra com carinho;
E armado, pronto enfim, suspenso, em breve,
Ei-lo, balouça à beira do caminho.
E a ave sobre ele as asas multicores
Estende e sonha. Sonha que o áureo pólen
E o néctar suga às mais brilhantes flores;
Sonha… Porém, de súbito, a violento
Abalo acorda. Em torno as folhas bolem…
É o vento! E o ninho lhe arrebata o vento!
(Alberto de Oliveira)
Poema aos passarinhos
ResponderEliminarSe numa manhã qualquer
O sol encontrar-me adormecida,
Quero despertar, e se puder,
Ouvir ao longe uma canção perdida.
Quero despertar ouvindo esta canção
Dos passarinhos amigos leais
E ao ouví-los, sentir feliz o coração
Sem tristezas, sem prantos e sem ais.
Quero despertar e abrir a janela
E se puder tuas penas tocar;
Pintá-los numa linda aquarela,
Quando na minha mão vier pousar.
Vê-los sem medo se aproximar
como quem busca um amigo
E enquanto canta quero apenas sonhar
E sua doce canção guardar comigo!
(Sonia de Fátima Machado Silva)
Meu amigo Rui...Apenas uma estória sobre tesouros, mas que q certamente o enriquecerá. Um tesouro que ninguém poderá furtar-lhe...
ResponderEliminarO TESOURO DE BRESA
Houve outrora, na Babilônia, um pobre e modesto alfaiate chamado Enedim, homem inteligente e trabalhador, que não perdia a esperança de vir a ser riquíssimo. Como e onde, no entanto, encontrar um tesouro fabuloso e tornar-se, assim, rico e poderoso?
Um dia, parou na porta de sua humilde casa, um velho mercador da fenícia, que vendia uma infinidade de objetos extravagantes. Por curiosidade, Enedim começou a examinar as bugigangas oferecidas, quando descobriu, entre elas, uma espécie de livro de muitas folhas, onde se viam caracteres estranhos e desconhecidos.
Era uma preciosidade aquele livro, afirmava o mercador, e custava apenas três dinares.
Era muito dinheiro para o pobre alfaiate, razão pela qual o mercador concordou em vender-lhe o livro por apenas dois dinares. Logo que ficou sozinho, Enedim tratou de examinar, sem demora, o bem que havia adquirido. Qual não foi sua surpresa quando conseguiu decifrar, na primeira página, a seguinte legenda:
"O Segredo do Tesouro de Bresa."
Que tesouro seria esse? Enedim recordava vagamente de já ter ouvido qualquer referência a ele, mas não se lembrava onde, nem quando.
Mais adiante decifrou:
"... o tesouro de Bresa, enterrado pelo gênio do mesmo nome entre as montanhas do Harbatol, foi ali esquecido, e ali se acha ainda, até que algum homem esforçado venha encontrá-lo."
Muito interessado, o esforçado tecelão dispôs-se a decifrar todas as páginas daquele livro, para apoderar-se de tão fabuloso tesouro. Mas, as primeiras páginas eram escritas em caracteres de vários povos, o que fez com que Enedim estudasse os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas e o idioma dos judeus.
Em função disso, ao final de três anos Enedim deixava a profissão de alfaiate e passava a ser o intérprete do rei, pois não havia na região ninguém que soubesse tantos idiomas estrangeiros. Passou a ganhar muito mais e a viver em uma confortável casa.
Continuando a ler o livro encontrou várias páginas cheias de cálculos, números e figuras. Para entender o que lia, estudou matemática com os calculistas da cidade e, em pouco tempo, tornou-se grande conhecedor das transformações aritméticas. Graças aos novos conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio Eufrates, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito.
Ainda por força da leitura do livro, Enedim estudou profundamente as leis e princípios religiosos de seu país, sendo nomeado primeiro-ministro daquele reino, em decorrência de seu vasto conhecimento. Passou a viver em suntuoso palácio e recebia visitas dos príncipes mais ricos e poderosos do mundo. Graças a seu trabalho e ao seu conhecimento, o reino progrediu rapidamente, trazendo riquezas e alegria para todo seu povo.
No entanto, ainda não conhecia o segredo de Bresa, apesar de ter lido e relido todas as páginas do livro. Certa vez, teve a oportunidade de questionar um venerando sacerdote a respeito daquele mistério, que sorrindo esclareceu:
"O tesouro de Bresa já está em seu poder, pois graças ao livro você adquiriu grande saber, que lhe proporcionou os invejáveis bens que possui. Afinal, Bresa significa saber e Harbatol quer dizer trabalho."
Lu
OS PASSARINHOS
ResponderEliminarOs passarinhos...
Por serem lindos!
São belos!
São ricos!
Com efeito nos beirais
São mensageiros reais
Alguns destes serão vistos
Em gaiolas de quintais.
Ditosa hora ao chegar
Seu canto é chilrear
São pássaros de ribação
Migrados a uma estação
Por nós bem conhecidos
Andorinhas, canários,
Periquitos e pintassilgos
Em actos comunicativos
Sendo bom lusitano
Tenho o dom de ensinar
Meu periquito é lindano
Por mim fica a falar
Natureza é sua escola
Em comida sem esmola
São os ninhos suas casas
Belo acenar de asas
Alegram muita gente
Este amor convincente
E longe do matrimónio
Sempre vão acasalando
Suas crias procriando
Com liberdade e razão
Será feita esta lição!...
Ouvimos os seus cantares
Entoando melodias
P'lo romper da manhã
Trazem novas alegrias…
Pinhal Dias – 13.6.05
Beijinhos
Manuela