quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Quando te vi



Quando te vi



A manhã era clara, refulgente.
Uma manhã dourada. Tu passaste.
Abriu mais uma flor em cada haste.
Teve mais brilho o sol, fez-se mais quente.

E eu inundei-me dessa luz ardente.
Depois não sei mais nada. Olhei... Olhaste...
E nunca mais te vi. . . - Raro contraste! –
A madrugada transformou-se em poente.

Luz que nasceu e apenas cintilou!
Deixou-me triste assim que se apagou,
às vezes fecho os olhos; vejo-a ainda...

E há tanto sol dourando esses trigais!
Olhaste, olhei, fugiste... Ai, nunca mais,
nunca mais tive outra manhã tão linda!

Virgínia Vitorino

6 comentários:

  1. Lindo poema! Virginia Vitorino, poetisa, dramaturga, natural de Alcobaça, foi uma mulher de escrita melancólica, ao estilo de Florbela Espanca. Mas gosto, pois também tenho em mim um pouco de melancolia.

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  2. Basta querer e esperar pela manhã seguinte, será tão ou mais bonita do que aquela que passou.

    Abraço!

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  3. Adoro poemas românticos! E este é mesmo muito bonito! Não conhecia, nem a autora.
    Obrigada.

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  4. Depois de eu pensar que o tinha convencido que a Mulher era a obra prima da criação, um poema destes escrito no masculino é mesmo uma maldade.
    Tudo bem. Eu condescendo. Há olhares, que em alguns momentos, ofuscam o sol.

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  5. Virginia Vitorino...não conhecia. Como é que tanto impressiona um olhar de uma vez só?!

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