sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Contagem decrescente



As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas de mãos. 

E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.


(Manuel Alegre)


5 comentários:

  1. Só posso responder com palavras saídas da mesma alma:
    "Mesmo que não tenha rima ou seja errada a métrica/ mesmo que não fale das coisas da poesia/mesmo que não seja poética/ o que é preciso é poesia dia-a-dia."

    Boas Festas - Feliz Natal

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  2. Só é pena que tenha memória curta ou sofra de amnésia...

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  3. Nem sempre tudo aquilo que parece é...
    O outro, que não é alegre, é triste e cinzento. Essa cor a mim não me agrada. Será de eu ser daltónico?
    :)

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  4. Não é de ser daltónico, não! Ele é mesmo cinzento! Ou melhor: cinzentão! O Salazar também era assim - só mais inteligente. Felizmente este não é...

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  5. gosto muito deste poema de Alegre. melhor, gosto dos poemas dele, mas este está particularmente bem articulado. o piano é nele uma mistura feliz.

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