sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Francamente!

Alarmes, códigos, segredos, câmaras de vigilância, grades, portas blindadas… era assim a minha prisão. Quando entrei, ainda na flor da idade, não sabia ao certo o que me esperava nem o tempo que iria cumprir. Privado de liberdade, só então, comecei a dar conta do seu valor.

Recordo-me de um velho, hoje seria mais novo do que eu, me ter perguntado que maldade fizera para lá ter ido parar. Mais tarde, não sei se por vingança ou simples gozo, era eu quem inquiria outros, tão ingénuos quanto eu fui. Perante os olhares, de espanto e terror, que me lançavam logo os tranquilizava dizendo que o mais difícil seria apenas os primeiros vinte anos… que depois uma pessoa acaba por se habituar.

Há penas leves, pesadas ou perpétuas. Se uns nunca chegaram a entrar, outros há que já não querem sair. Cumpri quase vinte e seis anos. Ficaram marcas. Não guardo ódio ou rancor aos meus verdugos. Saí há dois anos, mais cedo do que previa, de cabeça erguida e em paz. Reencontrei finalmente a liberdade.

Saudades do emprego? Do Banco? Francamente!

5 comentários:

  1. Bem visto, está com muita PINTA !
    Há realmente cabecinhas com imaginação!
    Fazer desta forma uma abordagem à escravatura do trabalho, revela de facto qualidades natas de bom comentador com espírito criativo !
    Parabéns !
    AB

    ResponderEliminar
  2. Tenho boas e más recordações desse seu tempo de "prisão", no fundo no fundo a "prisão" não era o emprego ou o Banco, mas sim a parte monetária que esta passagem nos dá. A porta de saída sempre esteve, está e estará aberta para quem quer. São opções de vida.... Um grande bem haja a sua liberdade, eu cá vou andando na "prisão", mas como....guarda. Já agora um BOM ANO 2009. Cumprimentos. CA

    ResponderEliminar
  3. Eu ainda me lembro de quando tu me dissestes isso a mim!
    Prisão ou não foram 2 bons anos em que me marcaste como profissional...
    Espero ter aprendido algo contigo, até porque já sabes: "temos que ser assim uns para os outros: umas bestas!"
    Um abraço,
    aprendiz de adjunto de servente de gestor...

    ResponderEliminar
  4. Francamente...
    Deves ter aquela "tua" razão...hehehe
    Mas confessa que até gostavas de andar de grilhetas e do convívio com os outros q contigo partilhavam a mesma clausura. Ñ sabias era o q andavas a perder, q existia vida para fora daquelas 4 paredes.
    Uma coisa é certa, muito do q eu sei, já a ti, te esqueceu...
    Daqui 15 anos devem dar-me a condicional tb...
    Ass. Gaspar

    ResponderEliminar
  5. Sabes o que me fazes lembrar? Um passarinho que resolveu entrar numa gaiola e por lá ficar, anos a fio. Mas porque não voltou a voar o passarinho, se a gaiola estava aberta? Certamente porque gostava da alpista que lhe davam.

    Um abraço de outro pássaro, ou melhor, rafeiro.

    ResponderEliminar