terça-feira, 7 de junho de 2016

Doce Melodia


Óleo sobre Tela 60x80cm
Doce Melodia
Rui Pascoal - 2016


Doce Melodia

Bálsamo brisa
Água fresca no deserto
Ouvir ver
Ter-te por perto
Doce Melodia
(sem partitura)
Extasia
Manipula
Paraíso real
Improviso celestial
Beleza da natureza
Harmonia tanto faz
O corpo velho vacila
A pele até se arrepia
Esquece a idade
Rica é a mocidade… “rapaz”

Agudo ou grave não há quem os trave


terça-feira, 10 de maio de 2016

Cinza da Paixão


Óleo sobre Tela 40x80cm
Cinza da Paixão
Rui Pascoal - 2016


Cinza da Paixão

Pega no barro esquece o cigarro
Gira o torno com determinação
Nos dedos o contorno ainda morno
O sonho bizarro ganha dimensão

Bem queria moldá-la
Ar sensual e sedutor 
Um brilho nos olhos dar-lhe até fala
Lábios morangos na cor e sabor

Madrasta arte deste artesão
Em vez da donzela são vasos pratos rasos panelas
Cântaros jarros tortos bilhas tijelas

Oleiro leal verdadeiro não é impostor
Não sendo porcelana translúcido é seu amor
Quimera fantasia ou ilusão resta a cinza da paixão


quarta-feira, 4 de maio de 2016

Brisa


Óleo sobre Tela 80x60cm
"Brisa"
Rui Pascoal - 2016

Meu amor é marinheiro
E mora no alto mar
Seus braços são como o vento
Ninguém os pode amarrar

Quando chega à minha beira
Todo o meu sangue é um rio
Onde o meu amor aporta
Meu coração um navio

Meu amor disse que eu tinha
Na boca um gosto a saudade
E uns cabelos onde nascem
Os ventos e a liberdade

Meu amor é marinheiro
Quando chega à minha beira
Acende um cravo na boca
E canta desta maneira

Eu vivo lá longe, longe
Onde moram os navios
Mas um dia hei-de voltar
Às águas dos nossos rios

Hei-de passar nas cidades
Como o vento nas areias
E abrir todas as janelas
E abrir todas as cadeias

Meu amor é marinheiro
E mora no alto mar
Coração que nasceu livre
Não se pode acorrentar

(Manuel Alegre)

sexta-feira, 29 de abril de 2016

(In)Justiça


Óleo sobre Tela 30x40cm
"(In)Justiça"
Rui Pascoal - 2016


"...Agora mesmo, neste instante em que vos falo, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar: justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira quotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais exato e rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão indispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dúvida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e sobretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, como um iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada ser humano assiste."...

(José Saramago)

terça-feira, 12 de abril de 2016

terça-feira, 15 de março de 2016

O Rancho


Óleo sobre tela 130x70cm
"O Rancho"
Rui Pascoal - 2016

O Rancho

Com viola ou cavaquinho
Adufe reque-reque acordeão
Realejo castanholas pandeiro
Toca e(n)canta e dança com paixão
Em Portugal e no estrangeiro
Num palco ou qualquer terreiro
O Vira a Chula o Malhão
O Fandango o Corridinho
O Bailinho (da Madeira)
O Verde-gaio
E também o São Macário

Isto aqui são contas de outro rosário

Pleno de energia e alegria
Contagia


quarta-feira, 9 de março de 2016

Cão(vencido)


Óleo sobre Tela 40x80cm
"Cão(vencido)"
Rui Pascoal - 2016

CÃO

Cão passageiro, cão estrito,
cão rasteiro cor de luva amarela,
apara-lápis, fraldiqueiro,
cão liquefeito, cão estafado,
cão de gravata pendente,
cão de orelhas engomadas,
de remexido rabo ausente,
cão ululante, cão coruscante,
cão magro, tétrico, maldito,
a desfazer-se num ganido,
a refazer-se num latido,
cão disparado: cão aqui,
cão além, e sempre cão.
Cão marrado, preso a um fio de cheiro,
cão a esburgar o osso
essencial do dia a dia,
cão estouvado de alegria,
cão formal da poesia,
cão-soneto de ão-ão bem martelado,
cão moído de pancada
e condoído do dono,
cão: esfera do sono,
cão de pura invenção, cão pré-fabricado,
cão-espelho, cão-cinzeiro, cão-botija,
cão de olhos que afligem,
cão-problema...

Sai depressa, ó cão, deste poema!

Alexandre O'Neill


terça-feira, 1 de março de 2016

O Poeta e o pintor


Óleo sobre Tela 40x60cm
"O Poeta e o pintor"
Rui Pascoal - 2016

"O poeta é um fingidor..."
E o pintor, sofre com a cor?