terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Meu Presépio de Natal


Nesta quadra, outrora muito querida para mim, gostaria de partilhar convosco o Meu Presépio de Natal e também, porque não me deixam indiferente, estes escritos de Miguel Torga.



"A braços com os meus fantasmas, que nunca deixam de estar presentes nesta data, vou atiçando o lume da lareira. É meu Pai, é minha Mãe, é meu Avô… Estão sentados a meu lado, calados, num recolhimento letal. Vieram porque eu vim, e como há muito me disseram tudo o que tinham a dizer, fazem-me apenas companhia. É uma consoada que não compartilha o resto da família, que já dorme. A noite é comprida, e nenhum de nós tem pressa. E vamos deixando correr as horas sacrais, à espera da luz da manhã. Nela, eles regressarão discretamente ao mundo tranquilo dos mortos e eu acordarei estremunhado no mundo inquietante dos vivos. Até que outro Natal nos junte de novo, aqui ainda, unidos pela minha memória, ou lá onde os imagino lembrados de mim no eterno esquecimento. "

S. Martinho de Anta, 24 de Dezembro de 1977 – Miguel Torga

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Lenda do Lis e Lena (*)


Era ainda um imberbe adolescente, mas de longos cabelos, quando comecei a frequentar, pouco seguro e meio envergonhado, os cafés de Leiria. Nesse tempo já longínquo os meus preferidos eram a Esplanada, onde a malta se juntava, o Colonial, para jogar o bilhar e o Colipo, supostamente para ler e estudar mas sobretudo observar…

Se os primeiros embora descaracterizados ainda existem, o último que possuía um belíssimo painel “Lenda do Lis e Lena”, da autoria de Augusto Mota, já não teve a mesma sorte, está vivo apenas na memória de uns quantos e, como é sabido, a erosão do tempo acabará inevitavelmente por extingui-la.

Esta tela que acabo de pintar com a preciosa ajuda da professora Dulce Bernardes é uma cópia desse enorme painel que então decorava o Café Colipo. Vocês nem por sombras imaginam o prazer que tive em fazê-lo e vir agora aqui mostrá-lo.

(*)
Nasceu o rio Lis junto a uma serra
No mesmo dia que nasceu o Lena;
Mas com muita Paixão, com muita Pena
De seu berço não ser na mesma Terra.

Andando, andando alegres, murmurantes,
Na mesma direcção ambos corriam;
Neles bebendo, as aves chilreantes
Cantavam esse amor que ambos sentiam

Um dia já espigados, já crescidos
Contrataram casar, de amor perdidos
Num Domingo, em Leiria de mansinho...

Mas Lena, assim a modo envergonhada
Do povo, foi casar toda enfeitada
Com o Lis mais abaixo um bocadinho.

Marques da Cruz
1888-1958

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Arte em Barcelona

Sempre que penso viajar conto com o apoio incondicional da minha cara-metade que, ao confiar-me em absoluto toda e qualquer decisão sobre voos, hospedagem, locais a visitar e onde comer, me ajuda imenso com as suas simples mas sábias palavras – “escolhe tu, para mim está tudo bem”.

Este ano e para variar fui comemorar a Restauração da Independência de Portugal em casa do “inimigo” mais concretamente à capital da Catalunha, só para mostrar a “nuestros hermanos” que apesar das nossas aparentes fragilidades temos muito para dar e ainda mais para exportar. Sim, isto de independência não é para quem quer… não fossemos nós ajudar a Zara, o Corte Inglês, ou a Cortfiel, queria ver como se safavam.

O primeiro local onde nos deslocámos foi ao Poble Espanyol, construído para a Exposição Internacional de 1929, aí nos detivemos um par de horas a contemplar a colecção permanente da Fundação Fran Daurel e a exposição de pintura e escultura figurativa ´09 promovida pela Fundació de les Arts i els Artistes. Estas obras que aqui poderão ser visualizadas, na minha modesta opinião, ofuscam por completo as existentes na Fundació Juan Miró.

E porque a visita é longa, cansativa e por vezes enfadonha, hoje ficamos por aqui. Quem sabe se voltaremos noutra ocasião para vos dar conta do que vimos no Museu Picasso, na Caixa Fórum Barcelona e claro nas famosas ramblas.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

"Mudar de moleiro mas não de ladrão"

Charles Dickens dizia que o homem é um animal de hábitos e eu, que não sou excepção à regra, confirmo-o. O facto de ter estado privado, desde o dia 25 de Novembro, do uso de telefone fixo e internet tolheu-me movimentos, baralhou-me ideias e, acima de tudo alterou-me rotinas, o que nós os mais velhos, independentemente da fé, cumprimos religiosamente.

Apesar dos meus insistentes pedidos de assistência técnica, pessoalmente na loja e mails diários, a Zon TV Cabo foi incapaz de resolver a anomalia, à qual eu era totalmente alheio mas vítima. Como resposta e para me “tranquilizarem” foi-me dito diversas vezes que estavam a analisar a situação.

Dizem que a paciência tem limites (a bondade, o amor, o respeito pelo próximo), eu afirmo que a incompetência não os tem, daí que o passo seguinte foi plasmar no Livro de Reclamações o que me ia na alma. Aproveitando a onda ou maré de azar, depende da perspectiva de quem quer surfar ou nadar, dei conhecimento à Anacom.

Fosse ou não do espírito natalício o certo é que dei com os pés na Zon TV Cabo, retornei à Portugal Telecom, ciente de que “mudei de moleiro mas não de ladrão".

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Todos riscados...


Quem não se recorda dos velhinhos e já ultrapassados (?) discos de vinil que fizeram as delícias da nossa adolescência?

Enquanto contemplava este magnífico trabalho de Carlos Aires não pude deixar de escutar o comentário meio indignado de uma senhora para o marido. “Como é possível fazerem uma coisa destas? Que mal empregados!!!”

Amigo que sou de ”fazer o bem sem olhar a quem” logo a tranquilizei. Senhora, não fique assim, eles estavam todos riscados…

FIL - Arte Lisboa 09

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Marc Sijan

Dado o seu extremo realismo, as esculturas deste Artista além de excelentes são impressionantes!





FIL - Arte Lisboa 09

domingo, 22 de novembro de 2009

Arte Lisboa 09

Apesar da minha “agenda” sábado estar bastante preenchida consegui equilibrar as horas no trapézio do tempo e seguir o sábio conselho da minha professora de pintura, deslocar-me à FIL para visitar a feira de arte contemporânea.

Ainda que tenha deixado a meio um agradável convívio, a viagem ter decorrido toda debaixo de chuva e sem luz do dia, mesmo assim foi fácil e valeu bem a pena. Mais difícil é dizer de tudo o que vi aquilo que mais me agradou.
















Fiquei dividido entre a pintura e escultura mas com os pés bem assentes no chão.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

É para o lado que dormimos melhor

Há uns anos atrás em Tétouan vi algo parecido a esta imagem…

Envolvido em seu turbante, um muçulmano sentado no chão segurava nas mãos escuras e ressequidas uma simples flauta. À sua frente tinha um cesto e uma pequena plateia de turistas mais curiosos que enfeitiçados. Ao som da música as serpentes lá despertaram e nós fomos presenteados com espirais de magia, algo parecido com a dança do ventre mas com muito mais escamas.

Aqui, no nosso cantinho, bem pode o artista esforçar-se. Habituados a ouvir música todos os dias e a toda a hora o resultado está à vista. É para o lado que dormimos melhor.

domingo, 15 de novembro de 2009

Fintas

Sábado à tarde, depois de “despachar” as minhas mulherezinhas para aquilo que elas mais gostam de fazer e que a mim me provoca náuseas, fui deambular pela baixa de Lisboa. Mesmo sem Sol a cidade estava alegre e colorida mercê dos muitos turistas, a maioria deles bósnios. À noite jogava-se o Portugal / Bósnia e eu, que já tinha bilhetes comprados de véspera, não queria perder o espectáculo…

Assim que o árbitro apitou para dar início ao encontro, girei sobre os calcanhares, flecti, fiz aquele jogo de cintura deixando-os amarrados como agora, tal é o poder do meu drible. Já sem adversários por perto, entrei calmamente com a minha cara-metade no Teatro D. Maria II para ver “O Ano do Pensamento Mágico”. Confessem não estavam à espera desta finta, pois não?




A peça é um monólogo sobre a perda, a mágoa e a tristeza. Deixo-vos aqui um pequeno excerto:



A vida modifica-se rapidamente…
A vida muda num instante…
Sentamo-nos para jantar
e a vida, como a conhecemos, acaba!


No final do espectáculo o público aplaudiu e o céu, também sensível e penoso, lá deixou escorregar as suas lágrimas. E, fosse da chuva miudinha ou não, o certo é que senti meus olhos embaciados.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Dar com os pés

Já por diversas vezes pensei em “dar com os pés” no blogue. Definitivamente! Embora ainda o não tenha feito sei que estou cada vez mais perto de o fazer. Até lá olho a imagem e cismo…
na margem Sul” desta folha, “jamais”!!!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Dinossauros em Portugal

Há milhões de anos que os dinossauros se extinguiram. Este era um dado adquirido e irrefutável. Mas será mesmo assim? Recentemente esses terríveis répteis foram avistados numa serra em Portugal e...







... nada ficou como dantes.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Tira-nódoas

E se no meu corpo lânguido e sonolento ainda houvesse algum resquício do fim-de-semana, essa mancha teimosa e persistente que se recusa a sair, nada como umas braçadas revigorantes na barrela da piscina para a remover. Depois é só por a corar lentamente. Sinto-me logo melhor, mais limpo e mais fresco outra vez.

domingo, 8 de novembro de 2009

A Casa das Histórias - Paula Rego

Há dias que parecem voar como folhas de árvores sopradas pelo vento e há outros, calmos como o deslizar do fio de água da nascente que lentamente engrossa o caudal e em vez de se escoar desafortunadamente no mar é carinhosamente retido pelo abraço apertado da barragem. Assim foi o meu (nosso) fim-de-semana, cheio, pleno, transbordante.

Sexta-feira à noite fomos ao Teatro José Lúcio da Silva assistir a um concerto da Gleen Miller Orchestra. Na manhã de sábado, ainda com o som do jazz e swing nos ouvidos, rumámos à capital até casa dos herdeiros por via de uma entrega de artigos de primeira necessidade: roupa e comida. Depois do frigorífico e estômago devidamente abastecidos (o caril de galo caseiro estava óptimo), do lixo e embalagens (de uma ou duas semanas???) despejados, fomos de passeio até Cascais.

Pelo caminho recordei, inevitavelmente, histórias de outros tempos onde fui protagonista e desempenhei com toda a dignidade diversos papéis (namorado, auditor, condutor em noite de apagão…) Embora já retirado desses palcos é com nostalgia que relembro esses momentos que deixaram marcas. Chegados à velha vila piscatória sentámo-nos numa esplanada em frente ao mar. O Sol, envergonhado, não ousou aparecer. Mais atrevido um músico de sotaque brasileiro bem o tentou mas também não chegou a brilhar. Não querendo perder o Norte seguimos em direcção ao Farol Museu de Santa Marta. Este levou-nos para longe do perigo e guiou-nos com encantamento e fascínio até à sua história passada e recente.

Já cá fora, na Marina, o dia começava a escurecer e nós, agora um pouco mais iluminados pelas lanternas candeeiros e ópticas, atravessámos o parque quando os pavões recolhiam aos seus aposentos. Do outro lado a aguardar por nós estava A Casa das Histórias da Paula Rego. Calma! O espaço só fecha às 22horas. Primeiro vamos até à cafetaria que esta coisa de ver Arte com a barriga vazia não é fácil.

Só depois, e devidamente munidos de um esclarecedor audioguia, fomos contemplar calmamente as obras expostas. Talvez, por se tratar da segunda vez que observamos os trabalhos desta artista (a primeira foi há dois anos em Madrid), a sua receptividade tenha sido hoje maior. Impossibilitados de trazer para casa “A menina fazendo cócegas ao cão” (um acrílico de 1983) contentámo-nos com o livro Colecção. Como o passeio e esta crónica já vão longos vamos ficar por aqui com a promessa de outro dia voltar. Tenham uma boa semana!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Furto

Furto

Saboreio este dia,
Fruto roubado no pomar do tempo.
Sabe-me a novidade,
Deixa-me os lábios doces.
Tem a polpa de sol, e dentro dele
Calmas sementes doutro sol futuro.
Cheira a terra lavrada e a maresia.
E tão livre e maduro,
Que quando o apanhei já ele caía.


Miguel Torga (Diário VIII - Outubro 1956)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Magia com cartas - Fantástico

Vale a pena ver este vídeo - truque com cartas ao som de Sting.

http://videos.sapo.pt/jhnV7ZAaS9Zh27AJ22W8

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Terapia


Observo-te a fazer malha

Alegre, radiante, feliz

Miras a obra sem falha

Olhas para mim e sorris.

domingo, 1 de novembro de 2009

Éden Garden


Ia eu ainda a digerir as pataniscas de bacalhau e o arroz de feijão do almoço, mais as polémicas afirmações do nosso Nobel acerca da Bíblia, quando cheguei às portas do paraíso. Se antes duvidava que existisse agora, ao entrar lá pelo meu próprio pé, livre de tributo, barreira, ou santo porteiro, ainda estranhei. Mas, alegrem-se os menos crentes, pois afinal ele sempre existe.

Um enorme e tranquilo espaço verde para passear, meditar e reflectir (até parece o do meu clube), na Quinta dos Loridos no Bombarral, a dois passos de Óbidos. Budas, soldados em terracota, um lago com peixes, cisnes e patos - O Jardim da Paz. Perplexo perante a enormidade da obra do grande comendador Berardo só me vinha à cabeça um palavrão que ele tanto gosta de proferir. Não tendo a sua fortuna, e ainda menos o seu sotaque, opto por omiti-lo.

Contrariamente aos que dizem “a Oeste nada de novo” ele está aí e recomenda-se, de preferência com sol, o Éden Garden.







quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O Sonho e a Realidade

Não entendo a razão de após quase três anos de reforma ainda perder tempo a sonhar com o Banco. E sonhar não é a palavra correcta, leia-se em seu lugar pesadelo, pois nos meus devaneios nocturnos julgava encontrar-me ainda no activo. O mais grave era estar em falta ao trabalho há já um bom par de dias. Sorte ter um despertador que, pontualmente às sete horas, me acorda a mim e à minha mulher para a realidade…

Ainda ensonado mas já um pouco mais crente fui tratar dos animais da capoeira. De todos eles destaco a pata que, sem deixar o choco, me saudou alegremente. Já o seu companheiro foi mais comedido, manteve as distâncias, como convém. A um canto, numa pequena gaiola/ratoeira, um aparente e inofensivo ratito esperava pela minha misericórdia. Poupando-vos aos detalhes digo-vos apenas que nessa matéria sou firme e decidido.

Ao entrar na água da piscina, por certo bem mais quente do que aquela onde deixei o roedor, fiz as braçadas habituais que me revigoram e simultaneamente me deixam todo partido. Após este exercício seguiram-se a bica e leitura da ordem. Como o dia estava solarengo fui às Fontes (nascente do rio Lis) experimentar a nova máquina fotográfica. No regresso vi vários carros fazerem-me sinais de luzes, avisando-me que a polícia estava por perto. Não sei se foi bom senso, ou o facto de não trazer comigo os documentos do carro da minha mulher, ou levar quatro recipientes com gasolina aditivada para a motoenxada, ou serem já quase horas de almoço, o certo é que decidi fazer meia-volta e rumar ao Canário em busca de alimento.

Polvo na brasa bem regado (com azeite) acompanhado de batata a murro (prefiro-as já descascadas), alho, coentros e o imprescindível vinho branco fresquinho, mais broa e azeitonas à mistura foram a minha companhia e distracção, até que um casal, a rondar os setenta, chegou e se sentou noutra mesa. Ele, de frente para mim, vítima de possível AVC, com olhos tristes e chorosos e ela, com toda a ternura que é possível, a preparar-lhe o prato perante os seus indecifráveis balbucios. Eu, que praticamente já tinha devorado o pudim caseiro, ao ouvi-la dizer com certa mágoa e resignação - “desculpa, não consigo entender”, senti como que um amargo de boca...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Máscaras

A semana passada fui ver, no Banco de Portugal em Leiria, uma exposição de Máscaras da Ásia da colecção Museu do Oriente. Nesse antigo edifício de Ernesto Korrodi onde, sob fortes medidas de segurança, se levantava e depositava numerário e efectuava a compensação entre Bancos, dei comigo a recordar nostalgicamente os meus próprios passos…

Apesar de hoje o vil metal já não circular entre as suas paredes e a segurança não ser a de outrora, mesmo assim, fui impedido de levar comigo a câmara fotográfica, situação aceitável e compreensível (que remédio).

Não podendo deixar aqui uma imagem sobre a exposição, e, sabendo de antemão que esta valeria mais que qualquer palavra digo-vos apenas que as máscaras, sejam elas quais forem, mostram muito e revelam ainda mais do que ocultam ou pretendem esconder.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Do Tudo e do Nada

Um vulcão ainda que adormecido não deixa de ser um vulcão, mesmo que a sua lava não se veja, não se iludam, ela está lá prestes a jorrar.

A Natureza e o Homem são imprevisíveis. Capazes do melhor e do seu oposto, num ziguezague constante em busca do equilíbrio, difícil, que se pretende perfeito.

E vem isto a propósito de quê? Do tudo e do nada.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

BUCÓLICA (Miguel Torga)

Em Junho de 1947, precisamente um decénio antes do meu nascimento, Miguel Torga escrevia em Coimbra estes versos que eu viria a conhecer muitos anos depois.

BUCÓLICA

A tarde, doce como um fruto, cai,
De madura, no chão.
Venha alguém apanhar a Vida!
Ou já não há quem saiba desejar
A maçã proibida?


Os livros, como os homens, fechados pouco revelam. Abri-los sem pressa, folheá-los, ler-lhes a alma e desvendar o que ocultam não está ao alcance de todos, como a poesia. Antes de a tentar entender é necessário senti-la.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Caim / José Saramago

É a primeira vez que compro um livro e o leio no mesmo dia do seu lançamento.A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele”.

A idade não lhe turvou as ideias, pelo contrário, acentuou-lhe convicções, e, as reacções ao seu novo livro não se fizeram esperar.

Se, “as águas paradas não movem moinhos”, criam lodo e mosquitos, então prefiro as revoltas mesmo sabendo que sou dado a enjoos.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

As velas ardem até ao fim

Fui, desde sempre, e sou ainda um tremendo egoísta. Nunca gostei de emprestar nada a ninguém, principalmente discos ou livros, na volta já não eram os mesmos. Reconhecer que sou assim será já um princípio para a cura? Creio que não. Mas nem todos pensam como eu, e ainda bem. Os últimos três livros que tive o privilégio de ler foram emprestados à minha mulher (*). Como sou casado em comunhão de adquiridos, achei-me no direito de lhes pegar. Sim, posso ser um egoísta assumido mas não sou parvo.

A “vítima” desta vez foi o romance – “As velas ardem até ao fim”. Esta obra, de Sándor Márai, “é um verdadeiro tratado de psicanálise e uma importante reflexão sociológica”, onde a obsessão pela Verdade permanece até ao fim. É um daqueles livros que considero imperdíveis.

Pelo pouco que disse e muito que omiti resta-me agradecer à Amiga Guidinha. Obrigado!


(*) Eterno coração de manteiga, com pouco sal e gordura mas rico em sentimentos, lá os vai emprestando por ela e por mim…

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Leite Derramado

Com o fim da “época balnear“ e o regresso à “vida normal” retomam-se actividades que andavam meio adormecidas. Aos poucos tudo se ajusta e encaixa, como os dias nas semanas, estas nos meses e estes nos anos. O meu quintal é disso exemplo e a leitura também.

Acabei há instantes de ler o último livro de Chico Buarque. No leito do hospital um homem muito velho, Assumpção, desenrola o fio da sua vida através de um monólogo dirigido à filha, às enfermeiras e a todos os que o quiserem escutar.

Este romance, “Leite derramado”, verte, entorna, produz em abundância, amor, história, decadência social e económica, ingredientes que nos prendem do princípio ao fim.

Bom fim de semana e boas leituras!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Exposição de Pintura - Silva Rocha

O Posto de Turismo de Leiria recebe exposição de pintura em vidro e óleo de Silva Rocha.

Calma, harmonia e bom gosto andam de mãos dadas, em temas variados, onde a cor e a luz imperam. Os visitantes, esses, não ficam indiferentes.

(Entrada livre até 29 de Setembro)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Grande Calinada

O livro que agora me acompanha – A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón – “é um mistério literário passado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do modernismo até às trevas do pós-guerra”. Dele transcrevo estes dois pensamentos que deixo para vossa apreciação.

Segundo Freud, a mulher deseja o contrário daquilo que pensa ou declara”.

Segundo Calino, o homem obedece aos ditames do seu aparelho genital ou digestivo”.

E quem sou eu para rebater ou contrariar o fundador da psicanálise? Quanto ao último pensamento é aquilo que eu considero uma grande Calinada. Está aberta a discussão.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Maçã de Alcobaça

Com o intuito de sensibilizar as pessoas para uma alimentação saudável e simultaneamente difundir um produto da terra a Associação dos Produtores de Maçã de Alcobaça, em parceria com o Governo Civil de Leiria, levou a cabo a “Apple Parade”.

Esta iniciativa louvável envolveu várias escolas e estimulou a criatividade de muitos alunos.

A comprová-lo elas aí estão coloridas, desafiadoras, ricas em vitaminas, sais minerais, fibras e água, pobres em calorias, para a manutenção da nossa saúde, nos passeios, praças e ruas de Leiria.

Vai uma trinca?
















segunda-feira, 31 de agosto de 2009

À Minha Maneira

Primeiro que tudo é preciso ter vontade, depois tempo. Apressadamente acaba por não saber tão bem e a experiência adquirida ao longo dos anos confirma-o.

Miro-os de frente e de lado. Sinto-os carnudos, desafiadores, apetecíveis e, mais que tudo, irresistíveis. Delicadamente toco-os, apalpo-os, confirmando a rigidez do seu porte. Fecho os olhos e deixo inebriar-me com o seu aroma. Estão mesmo no ponto estes marmelos.

O resto já vocês depreendem. Libertá-los das suas amarras e envolvê-los muito docemente é o passo seguinte. Aos poucos a temperatura sobe e é chegado o momento de introduzir o pau de canela. Deixar cozer lentamente e ir mexendo de vez em quando é fundamental para que não pegue ao fundo do tacho. Por fim é só vertê-la em tigelas e já está pronta a ser comida. E é assim que faço marmelada, a maior parte das vezes sozinho, à minha maneira. Querem provar?

domingo, 30 de agosto de 2009

Forte e Feio

Quem? Eu? É evidente que não me estou a referir à minha pessoa, se bem que ainda aguente duas seguidas, das nossas, claro. Não me refiro a louras, checas, alemãs ou inglesas, já que essas têm outras medidas (*). É sabido que com a idade perdemos velocidade e em contrapartida ganhamos resistência. Mas, daí a deitá-las abaixo, assim do pé para a mão, não é muito cá do meu género além de que não me faz bem, principalmente à garganta. E quanto a beleza, espelho meu, diz-me lá tu se conheces alguém tão modesto como eu?

Grande vai a confusão, pensam vocês, o gajo passou-se ou deixou de tomar os medicamentos. Pois nem uma coisa nem outra, suas mentes perversas. Eu explico.
Em Julho, nesse já tão longínquo mês, estive com a minha mulher no Algarve. Um dia o primogénito veio visitar-nos com a sua amiga. Depois de um mergulho refrescante na piscina fomos todos jantar na Zona Ribeirinha de Portimão a um restaurante que nos haviam recomendado - Forte e Feio. Este nome dava que pensar… Se o ambiente era agradável a companhia não lhe ficava atrás. Amêijoas da Ria Formosa de entrada, muito saborosas, talvez com demasiado molho que os comensais deixaram ficar na travessa mas que a diligente empregada de mesa me serviu, sem que eu tivesse pedido, pelas calças, pulôver, sapatilhas… Enérgica e decidida prontificou-se imediatamente com a escova na mão a limpar-me tudo. Mas no Allgarve estas coisas das limpezas devem ser como as massagens, sabemos como começam mas desconhecemos como acabam e, pensando bem, as nódoas até nem sem notavam muito se me vissem de costas…

Fui à lavandaria, paguei e enviei a factura para o restaurante juntamente com o valor dos portes e o meu NIB. Dias depois confirmei que já me haviam creditado na conta essa pequena quantia. Na expectativa de que nunca me iriam reembolsar desse valor eu já me dispunha voltar lá, para comer e não pagar, e apresentar-lhes agora o valor das portagens, mais o combustível, mais…

Reconheço que aquele restaurante é mesmo Forte e Feio!


(*) Pivo, Weissbier, Pint

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Nunca é a mesma coisa

Sentado, num cómodo sofá, aguardo a minha vez e olho o que me rodeia. Uma panóplia de revistas (Playboy, Maxmen, Turbo, For him Magazine), jornais (alguns deles desportivos), televisão, ar condicionado. A comparação com outros tempos, modas e costumes, surge inevitavelmente. Um pequeno rádio de válvulas, um jornal amarfanhado e sebento, dois cinzeiros de pé alto repletos de beatas…

Em miúdo, tão novinho e pequenino que eu era, sentado os pés não tocavam o chão, as cadeiras não subiam, então, colocavam uma tábua de madeira para ganhar alguns centímetros. E, entre a primeira advertência - “está quieto”, o amarelo - “ não te mexas”, ou o possível vermelho - “olha que te corto uma orelha”, o que eu queria mesmo era a partida acabada, sem minutos extra ou prolongamentos. Safar-me dali, incólume e o mais rápido possível era o meu objectivo.

“Quero que me corte o cabelo, mas não quero o cabelo cortado” é outra das recordações desses tempos. A escassez de outrora, versus, a fartura dos nossos dias faz-me lembrar o anúncio que agora passa. “Se eu podia viver sem isto? Claro que podia, mas não era a mesma coisa”. Nunca é a mesma coisa!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

"Na Natureza nada se cria..."


O mês passado dei-vos conta “do meu tesouro”, um ninho meio camuflado numa buganvília cá de casa, recordam-se?

Desde então, a zelosa progenitora vinha chocando os ovos, eu contava os dias para ver o milagre da multiplicação. Mas na Matemática, como na Vida, as variáveis são imensas e eu reconheço que falhei na solução. Erro de cálculo dirão vocês, antecipação diz o felino lambendo os beiços sempre que olha para mim.

“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. O Buzz, o simpático gatinho que ajudei a nascer, também ele se transformou e de que maneira, desta feita num assassino.

Será que ele também lê este blogue?!...

domingo, 9 de agosto de 2009

Que rica fruta!

Não basta só tê-los, é preciso que estejam no sítio certo e tenham préstimo. Grandes ou pequenos, rijos ou moles, verdes ou vermelhos, de pele fina ou grossa, como os preservativos, existem de todos os tipos e sabores. Mais do que os ostentar, saber usá-los, da melhor forma, e partilhá-los com aquelas pessoas que nos são mais queridas, enchem-nos o ego. A sedução é inevitávelmente o passo seguinte.

Ouvi-las depois dizer - que bom!, ou então, - põe mais um bocadinho que me sabe tão bem, envaidecem-me e dão-me forças para "repetir a dose". Chamam-lhe legume, perdoo-as, mas eles são um fruto (e que fruto!).

Ano após ano a fama dos meus "ditos cujos" já ultrapassou a aldeia, a cidade vizinha, a capital do país, a própria Península Ibérica. Com tostas, bolachas ou nozes, barrado ou à colherada, este doce acompanha-as bem. Pessoalmente prefiro-os em salada, com uma pitada de sal, azeite e vinagre, com um peixinho grelhado e um branco bem fresquinho.

Uma coisa eu vos garanto: são de comer e chorar por mais, estes meus tomates. Duvidam?

domingo, 26 de julho de 2009

Ursos à solta no Algarve

(... O projecto “Dança dos Ursos” tem como tema de fundo “a evolução”, “a mudança para algo melhor”, “a acção positiva”, “a esperança”, e até a orientação para o futuro” foram sugeridas a 26 artistas de diferentes nacionalidades, contextos culturais e estéticos. Desafiados a usar toda a sua criatividade e liberdade de expressão para dar vida aos ursos, alguns dos artistas envolvidos arriscaram novos caminhos. Outros mantiveram-se fiéis às ideias e materiais que têm vindo a apresentar...)

Junto ao Museu de Portimão vocês poderão confirmar com os vossos próprios olhos, como eu e São Tomé, que andam ursos à solta no Algarve. Mas... será só por lá?



(Para ver tudo - aqui)

sábado, 25 de julho de 2009

World Press Photo


“Fundada em 1955 na Holanda, a World Press Photo é uma organização não governamental que promove o profissionalismo no fotojornalismo e a liberdade de informação, bem como a realização de várias iniciativas nesta área, das quais se destaca o maior concurso mundial de fotografia”.

Esta exposição, que ontem foi inaugurada em Portimão e à qual tivemos o privilégio de assistir e visitar, não deixa ninguém indiferente tal a intensidade das suas imagens.




sexta-feira, 24 de julho de 2009

A boa vida não dura sempre

Uma das minhas mágoas de reformado com a qual terei de viver agora e sempre, é não poder marcar férias. Não pensem que é fácil ultrapassar esta situação, eu já o vinha fazendo há trinta anos e agora acabou-se.

Mais do que a ausência ao trabalho, que era sempre motivo de alegria, o que me dava mesmo gozo era preencher o Mapa de Férias e conciliá-lo com colegas, feriados e pontes. As datas emaranhavam-se como nós de um novelo, todos os anos se justapunham, havia que ter a paciência de pescador ou de chinês, pinças e mãos de cirurgião (imaginem uma manada de elefantes numa loja de porcelanas). Após morosas e acaloradas discussões as peças do puzzle lá se encaixavam. Hoje estou órfão desses momentos. É triste, muito triste.

Se "o que não tem remédio remediado está", não adianta carpir mágoas. A minha sorte (nunca me abandonou e eu sempre a persegui), ou o que me vale é a minha mulher ainda trabalhar. Ela sim tem férias. Eu aproveito a boleia, senão… o que seria de mim? Agora vou dar um mergulho, não tarda nada ela regressa ao trabalho, porque a boa vida não dura sempre.

(Marina Portimão)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mia Couto


Não é todos os dias que, numa cidade pequena como Leiria, temos o prazer de trocar dois dedos de conversa com um escritor. Foi o que aconteceu esta tarde, na Livraria Arquivo, antes da apresentação do seu último romance – Jesusalém.

Apesar de estarmos em plena época de férias, mesmo assim, os leitores acorreram em peso, e, do espaço completamente apinhado, ninguém arredou pé.



Se antes já nos deleitávamos com a sua escrita poética, agora, que o vimos simples e ouvimos puro, a nossa alegria é ainda maior.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Barroco Tropical

Há livros que lemos e que gostamos de reler como este Barroco Tropical de José Eduardo Agualusa. Vejam a apresentação da obra, efectuada pelo Professor Marcelo Rebelo de Sousa na Casa da Morna em Lisboa e que contou com a colaboração musical de João Afonso. Depois desfrutem da sua leitura.

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P.S.: O blogue anda muito pálido, precisa ganhar cor, por isso vai a banhos. Mas só ele, reformado não tem férias. Boas leituras!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O Meu Tesouro

Há quem muito cave e pouco ou nada encontre... Há outros que nasceram com o cu virado para a lua, para quem a palavra cavar significa fugir, pisgar, pôr-se a milhas...

Tempos houve em que, mais por ilusão do que convicção, apostei em jogos de fortuna e azar em busca de ganhos astronómicos e imediatos. Se nessa altura acertar no totobola ou no euromilhões não era tarefa fácil, agora, que já não jogo, o grau de dificuldade é bem maior. O certo é que, apesar das descidas constantes das taxas de juro dos depósitos a prazo e das quedas bolsistas, hoje sinto-me rico, muito mais rico. Encontrei um tesouro! Sabem como?

Estava eu em casa, no meu local de culto reflexão e leitura, quando um chilrear despertou um dos meus sentidos e me fez suspender dois trabalhos que tinha entre mãos (isto só para vos mostrar que nós os homens conseguimos fazer duas coisas ao mesmo tempo). Depois do autoclismo despejado e da higiene que se impunha, não resisti, abri a janela da casa de banho e, ipso facto, dentro da buganvília saltou que nem coelho da toca (ou cartola), ou acrobata do trampolim, um indefeso e assustado passarito. Foi como um ginasta e equilibrista que eu, com um pé na sanita e outro no bidé, muito esticado, encontrei bem camuflado pelas brácteas violáceas o seu ninho. Dentro dele quatro minúsculos ovos reluziam como pedras preciosas – o meu tesouro.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Ela tinha uma amiga chamada Maria

Em atenção ao comentário do "post" anterior.

domingo, 12 de julho de 2009

Singular ou plural?


Aceitam-se comentários sobre a imagem.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Anita

Se o original não foi fácil…

A primeira dificuldade foi convencer a mãe a ter outro descendente. Como as minhas súplicas eram sistematicamente recusadas decidi mudar a estratégia, o pedido passou então a ser feito directamente pelo meu filho. Impossível resistir aos apelos de uma criança.


A cópia foi bem mais difícil…

Parto provocado e problemático, contou com a mão da professora Dulce Bernardes que a ajudou a (re)nascer.

terça-feira, 7 de julho de 2009

"Viva o Povo Brasileiro"

Nunca fui ao Brasil. Apesar de viverem lá familiares, das viagens hoje estarem mais baratas que no passado, de ser “um país tropical abençoado por Deus”, do Carnaval, do Samba, das mulatas e das praias paradisíacas, mesmo assim, eu ainda não fui ao Brasil. Mas o Brasil esteve comigo, nos livros de Jorge Amado, na música da Betânia, do Caetano, do Chico, da Elis, do Vinicius, na telenovela Gabriela, desde sempre, até hoje.

Acabei há instantes de ler “Viva o Povo Brasileiro”, um romance histórico de João Ubaldo Ribeiro, considerada uma das obras mais importantes da literatura brasileira, onde nos é contada de forma bem humorada, irónica e por vezes satírica, “a saga de um povo em busca da sua identidade e afirmação”. Não resisto a colocar aqui um pequeno excerto.

Mas, explicou o cego, a História não é só essa que está nos livros, até porque muitos dos que escrevem livros mentem mais do que os que contam histórias do Trancoso. (...) toda a História é falsa ou meio falsa e cada geração que chega resolve o que aconteceu antes dela e assim a História dos livros é tão inventada quanto a dos jornais, onde se lê cada peta de arrepiar os cabelos. Poucos livros devem ser confiados, assim como poucas pessoas, é a mesma coisa”.

No final deste livro fiquei com vontade ler outros deste autor e também com a sensação de que hoje o Brasil está, pelo menos para mim, mais perto do que nunca.

sábado, 4 de julho de 2009

Praia do Pedrógão é única!

Cacimba? Hoje? Novamente? O Sol há dias, semanas, todo o mês, que teima em não abrir? O vento continua forte e a areia atinge-nos? O mar bravo e a água gelada afastam-nos e impedem-nos de molhar os pés? Os estrados e as estradas estão numa lástima? É difícil estacionar? A restauração sofrível e o comércio inexistente? Dos produtos expostos o que mais sobressai é a antipatia dos seus comerciantes? Mas afinal queriam o quê? O Algarve? A Costa do Sol? A Riviera Francesa?

Para, os distraídos e menos crentes, ressabiados e maldizentes, e tambem para os amantes do desporto, da fruta e dos doces, ora aí está o tira-teimas, a prova dos nove, a evidência, a cereja em cima do bolo. Após o inesquecível festival da sardinha, não me refiro ao fumo e cheiro que a todos contagia, eis que o Pedrógão volta a brilhar, desta feita com o andebol de praia, se bem que este ano, com algumas baixas de peso, quer por parte dos atletas quer por parte dos espectadores. E ainda há quem duvide que esta não é a melhor praia do concelho de Leiria?!...

Lá estão vocês de novo, pois e tal, que não há mais nenhuma no concelho..., eu sei. Por isso, e tambem pelo pouco que mostra e pelo muito que esconde, digo que ela é única.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Contagem decrescente

Dez, nove, oito, são os dias que faltam para o regresso a este continente, a este país, a esta cidade, a esta casa, a este quarto, outrora grandes, que continuam a ter o tamanho que sempre tiveram, que é relativo. Estou certo que ele, pelo contrário, cresceu mais do que a sua altura, mais até do que nós havíamos imaginado.

Até ao reencontro, que há muito se anseia, a contagem decrescente não vai parar.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A minha Sogra…

A semana passada cá no burgo foi pródiga de acontecimentos. No campo das letras destaque para José Eduardo Agualusa, que esteve dia 25 na Livraria Arquivo a falar sobre o seu recente livro, Barroco Tropical.

Sempre atenta e vigilante, como as demais, a minha sogra, munida de boas intenções, e isto não é piada nenhuma sobre o inferno, sabendo do meu especial apreço por África e seus derivados, decidiu presentear-me com essa obra. Não contente ainda com tal gesto, entendeu que a mesma deveria ser autografada pelo seu autor, com uma dedicatória especial para o seu querido genro, eu próprio. “Para o Rui Pascoal este Barroco Tropical com parabéns pelo aniversário e a amizade (assina o autor)”.

Até aqui tudo bem dirão vocês, amor de sogra é infinito, absoluto e eterno. Alto aí! Amizade? De quem? Do escritor? Da sogra? Com esta malta nada de fiar pois haverá sempre algo que a razão humana não pode alcançar. Ainda por cima, “a santa”, baralhada quanto ao meu dia de anos, zás, rasurou a data que havia sido escrita pelo punho de artista. Acham que devo perdoar-lhe?!...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

As férias são uma chatice!

Haverá por certo muito boa gente que não irá concordar comigo… mas, antes de me julgarem, vejam se tenham, ou não, razão.

sábado, 27 de junho de 2009

B - 52

Pode ser: um bombardeiro americano de longo alcance; uma bebida veloz, feita de absinto, licor de café e licor de whisky, que nos tolda a vista de núvens … ou então, apenas e só, uma charada.

Alguém quer adivinhar?

sexta-feira, 26 de junho de 2009

BCP - Administradores acusados?... Não me lixem!

BCP - Administradores acusados de manipulação de mercado, falsificação de documento e burla qualificada.”

Não nego que aos trinta anos de idade, jovem e ambicioso, tenha entrado para essa instituição, mais crente das minhas capacidades do que nas minhas limitações. Estávamos no verão de 1987 e a minha vida mudou significativamente. Não me refiro apenas em termos materiais, já que um aumento de 60% no vencimento me impediu na altura de ver que na vida tudo tem um preço, menos a liberdade.

Mas, toda esta prosa para quê? Calma. Deixem-me apenas dizer que relativamente às notícias que circulam sobre os administradores desse banco, Jardim Gonçalves, Filipe Pinhal, António Rodrigues, Christophe de Beck e Castro Henriques, nada tenho a ver com isso.

E, se pensam vir buscar-me as acções ou “a surda” (prémios de produtividade), esqueçam. Há muito que desapareceram.

Acusados???... Não me lixem!!!

Negócio PT / TVI

Sabemos que Sócrates, o filósofo, era irónico. Revelava ignorância em assuntos que os outros se julgavam profundos conhecedores, levando-os a contradizer-se e, com isto melhor os vencia. É dele a famosa frase “só sei que nada sei”.

Terá sido, ou não, a pensar nisso, que, quando questionado sobre o negócio PT / TVI, o nosso primeiro-ministro respondeu, nada saber?!...

Embora a chuva tenha arrefecido um pouco o tempo, creio, mesmo assim, que iremos ter um Verão muito escaldante. O que acham?

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Até o ar me engorda!

Na passada sexta-feira, como aperitivo de um verão gastronómico que se perspectiva, desloquei-me à Barreira ao Festival de Folclore e Tasquinhas. Embora o meu estômago já reclamasse alimento, primeiro, ainda houve tempo para cuidar do espírito, visitei uma exposição de pintura amadora, só depois fui em busca de outro aconchego. O local era bastante aprazível a escolha, essa, tornou-se difícil. Acabámos por optar pela tasquinha número 69 (*), junto ao lago, após convite simpático de uma das suas colaboradoras.

No sábado o Pedrógão lá estava como sempre, surpreendente, com céu azul, sem vento e com aquele mar que se conhece… deu para fazer uma longa caminhada à beira mar, digerir o goraz grelhado do almoço, embora fosse insuficiente para queimar as calorias da grelhada mista e do arroz de feijão da véspera. O que vale é que no próximo fim-de-semana posso retomar a marcha e recuperar a forma física. Claro que primeiro tenho ainda que vencer alguns obstáculos, sexta as tasquinhas em Porto de Mós, depois a 12ª edição do festival da sardinha da praia do Pedrógão...

Se, vou à piscina nadar, ando a pé e de bicicleta, trabalho no quintal, e não emagreço… então, só pode ser o ar que me engorda!


(*) Ano de nascimento (1969) dos festeiros dessa tasquinha (mentes perversas!)

domingo, 21 de junho de 2009

Não vou desistir!

Sou de opinião que sesta não significa ócio, pelo contrário. Essa pequena pausa depois do almoço renova energias, harmoniza os ritmos biológicos e os resultados a nível da produtividade aumentam, dizem. Não será por certo e ainda o meu caso, que só comecei a prática desta modalidade há três dias...

Mas… pensam que vou desistir? Com esta canícula???!!!... Vou é ter de me aplicar, e muito!!!