Mia Couto regressou a Leiria para nos apresentar -“A
Confissão da Leoa”- o seu último romance. Enamorados que somos da sua escrita,
não poderíamos perder esta oportunidade para o rever, questionar e felicitar.
Lido de uma assentada, i.e., um pouco à pressa, senti-me
preso do princípio ao fim e a ideia de um puzzle não me sai da cabeça. Um
caçador que vai à caça e sai caçado, um escritor que vira caçador, as peças vão
encaixando mas falta a última e vamos ter que ser nós próprios a descobri-la.
...
"- Estamos perdidos? – pergunta Gustavo a medo.
- Estar perdido é bom. Significa que há caminhos. O grave é
quando deixa de haver caminhos.
- Pergunto se ainda é capaz de encontrar caminhos?
- Aqui, no mato, os caminhos é que nos encontram a nós."
...
"Todos têm medo, medo da vida, medo dos amores, medo até dos
amigos. Uns chamam a esse monstro de «diabo». Outros chamam-no de «serpente
coxa». O escritor interrompe a longa narrativa:
-Desculpe, meu caro administrador, mas para mim, essa
serpente somos nós mesmos."
...
"Afinal, a felicidade e o amor se parecem. Não se tenta ser
feliz, não se decide amar. É-se feliz, ama-se."
...
"Pode-se chamar de criança a uma criatura que lavra a terra,
corta a lenha, carrega água e, no fim do dia, já não tem alma para brincar?"
...
Se me é permitido vou também fazer-vos uma confissão. A minha
mulher nasceu na Beira (Moçambique), como Mia Couto, e adora-o. Ciúmes? Por causa disso??? Eu nasci cá, na Beira Litoral, nem pensar!
:)
Boas Leituras!
Uma leitura que promete. :D
ResponderEliminarRui, que privilégio ter Mia Couto tete a tete! Você não teve ciúme, mas confesso, eu morri de inveja!
ResponderEliminarÓsculos & Amplexos
acredito que sim... é mesmo um privilégio poder escutar o Mia! :)
EliminarUm homem de corpo inteiro, que não se esconde atrás da sua obra...
ResponderEliminar"Pode-se chamar de criança a uma criatura que lavra a terra, corta a lenha, carrega água e, no fim do dia, já não tem alma para brincar?"
Esta foi a terceira vez que pude trocar umas palavras com o Mia e venho sempre agradavelmente surpreendida com a simplicidade das palavras! Para mim, a sua escrita é pura poesia!
ResponderEliminarNão dei conta de ter cá estado. Que pena! Agora um beirão com ciúmes.... JAMÉ!!! Um beirão é um beirão, mesmo sendo do litoral...
ResponderEliminarBoas leituras!
Rui, que momento...
ResponderEliminarCiumes? Não acredito. Quando quem amamos está feliz para quê sentir ciumes, não é?
Eu já li algumas obras dele e gosto muito, confesso que ainda não li (e para pena minha com a falta de tempo que tenho tão cedo não vou ler)o seu último romance. Que coincidencia: numa das minhas visitas à biblioteca ouvi falar que Mia Couto num dia de maio estaria lá, vou informar-me melhor e quem sabe não aproveito para ele me autografar os livros que tenho cá em casa e dar a conhecer ao Manuel mais um escritor em pessoa. O manuel fica muito orgulhoso por conhecer a pessoa que escreve os livros que ele de alguma forma conhece. Já aconteceu, ele trocar umas palavras, tirar foto e pedir autografo ao Luis Sepulveda, que ele conhecia de me ouvir contar-lhe a "História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar" e ficar emocionado!
:)
Confesso que ultimamente ando a ler pouco... as minhas horas andam a ficar cada vez mais curtinhas... ou então, sou eu que ando a ficar mais lenta...
ResponderEliminarBjos
A minha leitura vai em meio livro... mas para mim que sou uma enamorada das palavras, que gosto de as saborear calmamente, Mia Couto nesta obra está particularmente bem a escrever no feminino. Aliás disse-lho no fim, quando me autografou o livro. A simplicidade é um estado de graça, que ele atinge como Mariamar. Há passagens no livro que hoje me fizeram perguntar-lhe como é que um homem consegue chegar, tão bem, ao âmago da alma das mulheres. "Às vezes não há homem nem mulher" - respondeu-me. O que me sugeriu outra pergunta que ficou por fazer: "Há o quê?"
ResponderEliminarDecidi que vai mesmo para a minha lista dos próximos livros a adquirir :)
ResponderEliminar(um dia gostava de ir a Moçambique por ter amigos que viveram lá quando eram crianças e pelo que me contaram de como era).
Será um dos próximos a adquirir, definitivamente.
ResponderEliminarQue privilégio tiveram.
Beijinho
Oi Rui
ResponderEliminarBoa dica , preciso passar por uma livraria .
Adoro livros, ultimamente leio mais por aqui - fragmentos.
Mas sinto falta do livrinho aqui do lado.
Esfriou um pouco, o Outono de manifestando... bom pra se recolher com um um livro desses de Mia Couto.
abraços
Lá estive presente, na Livraria ARQUIVO, pois não poderia deixar de o fazer, para poder não só conhecer pessoalmente o grande escritor Mia Couto, mas também para poder trocar algumas palavras com ele, como "MOÇAMBICANA" que sou, não de nascimento mas de vivência, mais do que Portuguesa e a quem lhe confessei esse meu sentimento, aquando do autografar do seu último livro "A confissão da leoa". Ou não fossem as minhas filhas nascidas na cidade natal desse simples e encantador Moçambicano.
ResponderEliminarAdoro Mia Couto!
ResponderEliminarTenho de ler.
Obrigada pela divulgação :)
Mia Couto é um grande escritor e um comunicador.
ResponderEliminarSinto o mesmo orgulho que o amigo Rui, pelo ser humano que por acaso também é um dos maiores escritores de língua portuguesa.
Abraço,
António
Obrigado pela simpática visita.
Voltei!
ResponderEliminarEsqueci-me de perguntar pelo progresso do quadro. Já está acabado?
Abraço,
António
A confissão da leoa tem alguma coisa a ver com a mulher do Paulo Cristóvão? Abraço!
ResponderEliminarGosto de o ver,(mesmo na tv) de o ouvir falar, de o ler tudo é bom em Mia Couto!!! Mas, passou-me e não soube da sua ida à Arquivo:(
ResponderEliminarO tempo vai sendo tão curto para fazermos tudo o que nos dá prazer....ou serão muitos os chamamentos ---- confesso, que ainda não percebi!!!... :(
Obrigada pelas suas informações, preciosas (mas esta foi tardia :( lol ....
Abraço
helena
Excelente informação e ...sentido de humor..maravilha! Bj
ResponderEliminarPois também te venho fazer inveja... (risos)
ResponderEliminarConheces Pepetela? Estarei com ele na próxima sexta-feira em entrevista e depois em palestra seguida de sessão de autógrafos de seu último livro: "A sul. O sombreiro". Um abraço e felicitações pela oportunidade de estar com Mia Couto. Ele também estará conosco no Rio Grande do Sul em novembro deste ano.