terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Recado para um paciente

Decididamente a linha recta não é o caminho mais curto entre dois pontos e os que assim pensam estão profundamente enganados. Aviso prévio, nesta mensagem não se pretende falar de geometria embora se refira a espaço e às figuras que o podem ocupar.

Imaginemos um animal ferido, escondido num canto, como reagirá ao aproximarmo-nos dele com o intuito de o socorrer? Em vez de aceitar a nossa ajuda é bem provável até que nos ataque, esse é o seu instinto de defesa, dado não possuir o uso da razão. Mas os humanos, esses bichos pensantes, como se comportam em idênticas situações? O que fazem para se curar? Enfiam a cabeça (na areia como a avestruz) debaixo da almofada e choram (sentindo pena de si próprios) na vã esperança de que isso resolva os seus problemas? Ou pelo contrário, não se conformam, dão o corpo às balas e vão à luta?

Bafejados pela sorte e detentores desse precioso tesouro que é a vida, sentem-se uns eternos desgraçados. Pobre de espírito quem não consegue ver para além do seu umbigo, pegar num livro, cheirar uma flor, sentir a chuva cair, ouvir uma palavra amiga, enfim, quem é incapaz de Viver.

Sei que este simples recado aqui deixado virá a ser lido mas receio que, o paciente em questão, o não saiba interpretar.

3 comentários:

  1. A verdadeira sabedoria adquire-se através do sofrimento. Proust disse “existem dois métodos através dos quais uma pessoa pode adquirir sabedoria: sem dor através de um professor ou com dor através da vida” defendia que a variedade dolorosa é vastamente superior.
    Talvez o paciente que referes, esteja uns degraus acima de nós.
    Que sabemos nós do sofrimento dos outros. Não podemos com legitimidade julgar o comportamento de outra pessoa face a um problema, com base no comportamento que nós próprios teríamos.
    bj

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  2. Por princípio nunca recebo beijos de anónimos :) mas fico atento ao que escrevem…

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