Era ainda um imberbe adolescente, mas de longos cabelos, quando comecei a frequentar, pouco seguro e meio envergonhado, os cafés de Leiria. Nesse tempo já longínquo os meus preferidos eram a Esplanada, onde a malta se juntava, o Colonial, para jogar o bilhar e o Colipo, supostamente para ler e estudar mas sobretudo observar…
Se os primeiros embora descaracterizados ainda existem, o último que possuía um belíssimo painel “Lenda do Lis e Lena”, da autoria de Augusto Mota, já não teve a mesma sorte, está vivo apenas na memória de uns quantos e, como é sabido, a erosão do tempo acabará inevitavelmente por extingui-la.
Esta tela que acabo de pintar com a preciosa ajuda da professora Dulce Bernardes é uma cópia desse enorme painel que então decorava o Café Colipo. Vocês nem por sombras imaginam o prazer que tive em fazê-lo e vir agora aqui mostrá-lo.
(*)
Nasceu o rio Lis junto a uma serra
No mesmo dia que nasceu o Lena;
Mas com muita Paixão, com muita Pena
De seu berço não ser na mesma Terra.
Andando, andando alegres, murmurantes,
Na mesma direcção ambos corriam;
Neles bebendo, as aves chilreantes
Cantavam esse amor que ambos sentiam
Um dia já espigados, já crescidos
Contrataram casar, de amor perdidos
Num Domingo, em Leiria de mansinho...
Mas Lena, assim a modo envergonhada
Do povo, foi casar toda enfeitada
Com o Lis mais abaixo um bocadinho.
Marques da Cruz
1888-1958
Se os primeiros embora descaracterizados ainda existem, o último que possuía um belíssimo painel “Lenda do Lis e Lena”, da autoria de Augusto Mota, já não teve a mesma sorte, está vivo apenas na memória de uns quantos e, como é sabido, a erosão do tempo acabará inevitavelmente por extingui-la.
Esta tela que acabo de pintar com a preciosa ajuda da professora Dulce Bernardes é uma cópia desse enorme painel que então decorava o Café Colipo. Vocês nem por sombras imaginam o prazer que tive em fazê-lo e vir agora aqui mostrá-lo.
(*)
Nasceu o rio Lis junto a uma serra
No mesmo dia que nasceu o Lena;
Mas com muita Paixão, com muita Pena
De seu berço não ser na mesma Terra.
Andando, andando alegres, murmurantes,
Na mesma direcção ambos corriam;
Neles bebendo, as aves chilreantes
Cantavam esse amor que ambos sentiam
Um dia já espigados, já crescidos
Contrataram casar, de amor perdidos
Num Domingo, em Leiria de mansinho...
Mas Lena, assim a modo envergonhada
Do povo, foi casar toda enfeitada
Com o Lis mais abaixo um bocadinho.
Marques da Cruz
1888-1958
Está realmente muito bonita esta tua obra.
ResponderEliminarEstás a crescer todos os dias.
Parabens.
Beijinho
M.Dulce
Está lindo o teu quadro.
ResponderEliminarEstás a ficar um mestre.
Parabéns.
Escuso de te pedir para me vcenderes,sei que estãoo todos vendidos.
Beijinhos
Manuela
Bem, que dizer mais dos quadros que pintas? Cada vez mais se vai evidenciando a tua classe, o toque de um artista que quadro após quadro vai alicerçando dotes de um artista com nome na praça, artista que há muito deveria ter começado com este hobby que será muito certamente um sério caso na pintura nesta cidade de Leiria.
ResponderEliminarParabéns Rui, continua a mostrar arte, o teu estilo, o que te vai na alma, a tua classe!
Felicidades e obrigado por mostrares o que fazes!
Carlos Alberto
É pá, depois das tuas palavras ainda vou ter sérios problemas!...
ResponderEliminarTive o prazer de partilhar com a minha cara-metade a apreciação desta obra que tão bem o Rui fez ressuscitar e que também a nós fez recordar o saudoso Colipo, onde, sob os auspícios dessa ode ao Amor, tanto namorámos.
ResponderEliminarNão vou acrescentar nada de novo. Os elogios estão feitos e com eles concordo inteiramente.
ResponderEliminarApesar de não ter tido ainda a oportunidade de ver a obra, pelo que aqui é bem visível, resta-me dizer apenas :PERFEITO!
Parabéns pelo excelente trabalho!
É pá, o Augusto Mota, vai-te acusar de plágio...Parabéns, o teu pai haveria de gostar de ver estas coisas que estás a fazer por aqui. Obrigado tb por me trazeres à memória o "moderno" Colipo. Ainda não há muitos anos tive oportunidade de ver a tela, mal tratada, num qualquer depósito de manequins e outros artefactos ligados aos "trapos", foi no Reguengo do Fétal, na Unifato, actuais proprietários do espaço. Ainda vi apenas 3 Posts mas já deu para ver que estás a aproveitar muito bem a "aposentação". Continua que eu vou estar atento como o fiz durante muitos anos com os escritos do teu pai.
ResponderEliminarAté um dia destes.
O título do soneto de Marques da Cruz, logo do painel, é LENDA DO LIS E LENA, sem o DO, porque, caso contrário, está a antecipar-se o "casamento gay" e lá se vai toda a poesia. Nesta personificação dos rios Lena é feminino, logo a noiva... Abraço, a.m.
ResponderEliminar"O seu a seu dono". Já está feita a devida correção. Grato. R.P.
EliminarA cópia da tela é muito bonita, e a lenda muito simples e inspiradora, muito bem escrita no soneto.
ResponderEliminarxx
ResponderEliminarLindíssima esta tua tela...
E com ela imortalizaste não só a lenda... como as memórias do painel do extinto café.
Gostei muito, não a conhecia pois em dezembro de 2009 ainda não conhecia a pinta da tua tinta.
:)