Sentado, num cómodo sofá, aguardo a minha vez e olho o que me rodeia. Uma panóplia de revistas (Playboy, Maxmen, Turbo, For him Magazine), jornais (alguns deles desportivos), televisão, ar condicionado. A comparação com outros tempos, modas e costumes, surge inevitavelmente. Um pequeno rádio de válvulas, um jornal amarfanhado e sebento, dois cinzeiros de pé alto repletos de beatas…
Em miúdo, tão novinho e pequenino que eu era, sentado os pés não tocavam o chão, as cadeiras não subiam, então, colocavam uma tábua de madeira para ganhar alguns centímetros. E, entre a primeira advertência - “está quieto”, o amarelo - “ não te mexas”, ou o possível vermelho - “olha que te corto uma orelha”, o que eu queria mesmo era a partida acabada, sem minutos extra ou prolongamentos. Safar-me dali, incólume e o mais rápido possível era o meu objectivo.
“Quero que me corte o cabelo, mas não quero o cabelo cortado” é outra das recordações desses tempos. A escassez de outrora, versus, a fartura dos nossos dias faz-me lembrar o anúncio que agora passa. “Se eu podia viver sem isto? Claro que podia, mas não era a mesma coisa”. Nunca é a mesma coisa!
Agora percebo que talvez inseguro com o novo corte de cabelo,
ResponderEliminartenhas passado tão perto de mim a passo estugado, aliviado da melena, a caminho de casa. Pergunto-me também
se podia viver feliz sem os amigos? Tenho as minhas dúvidas.
1 bj
MC
Mas continua a ser um corte de cabelo. Ou não? apesar de concordar: nunca é a mesma coisa. E isso é o interesse. Ser o mesmo não o sendo. Digo eu que detesto cortes de cabelo, puxões de cabeleireira, alisamentos e brushings de secador que me aquecem as meninges e me torram a paciência. E que ando há que tempos a criar coragem para lhes dizer que saio a pingar e pronto.
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