terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Tejo que levas as águas



Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar

Lava-a de crimes espantos
de roubos, fomes, terrores,
lava a cidade de quantos
do ódio fingem amores

Leva nas águas as grades
de aço e silêncio forjadas
deixa soltar-se a verdade
das bocas amordaçadas

Lava bancos e empresas
dos comedores de dinheiro
que dos salários de tristeza
arrecadam lucro inteiro

Lava palácios vivendas
casebres bairros da lata
leva negócios e rendas
que a uns farta e a outros mata

Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar

Lava avenidas de vícios
vielas de amores venais
lava albergues e hospícios
cadeias e hospitais

Afoga empenhos favores
vãs glórias, ocas palmas
leva o poder dos senhores
que compram corpos e almas

Leva nas águas as grades
...

Das camas de amor comprado
desata abraços de lodo
rostos corpos destroçados
lava-os com sal e iodo

Tejo que levas nas águas



Adriano Correia de Oliveira, recordam-se? Actual, não?!...

Os meus óleos

Gosto de pintar, é verdade, embora reconheça não ter jeito e duvido que alguma vez o venha a ter. O verdadeiro prazer, mais que a pintura, é estar semanalmente com aquele grupo.

Sem a pressão e os objectivos de outrora, lá vou colorindo os meus dias, devagar umas vezes, outras ainda parado. Mas, o certo é que os meus óleos já se encontram espalhados um pouco por todo o lado. Duvidam?

No cavalete, na bata, nas calças e camisolas, na mala…


segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Provocador?

O ponto, a linha, a recta, as curvas… (outra vez a história do insucesso escolar?) o triângulo, o quadrado, a circunferência, tudo isso pertence à Geometria.

Convergentes e divergentes, assumidas, anónimas e de formas diversas, têm sido as reacções aos “posts” aqui colocados. E, porque somos humanos, contamos igualmente com desprezo e desdém.

Provocador?

domingo, 4 de janeiro de 2009

Os Cinco, esses Magníficos

São cinco ao todo.

Não me refiro aos famosos personagens de livros de aventuras de Enid Blyton, (Ana, David, Júlio, Zé e ao fiel e inseparável Tim), que todos lemos em miúdos. Nem tão pouco às extremidades das mãos, que não me canso de ver, enfeitadas a gosto, estes não se discutem, com adornos reveladores de quem os usa. “Foram-se os anéis restam-nos os dedos”. Concentremo-nos novamente neste conjunto de unidades, nesta porção, neste algarismo, o número cinco.

Tudo tem uma ordem. Segundo o Livro dos Conselhos “o caos é uma ordem por decifrar”. Optamos, por uma questão de estética, o que para uns é belo outros acharão feio, em seguir o alfabeto - Audição, Olfacto, Paladar, Tacto e Visão. Ouvimos, amiúde só o que nos interessa, cheiramos, desconhecendo o nosso odor, saboreamos, em excesso contrariando a roda dos alimentos, apalpamos sem sentir e, olhamos, muitas vezes sem ver...

Nem sempre os últimos chegam no fim. Mas, afinal o que é o fim? O limite? O termo? O alvo? A finalidade? A intenção? A morte?

Façam-se à vida!


sábado, 3 de janeiro de 2009

Alavanca

Nunca fui um grande estudante, reconheço. De Física então é melhor nem falarmos. Mas, no fundo no fundo, já que no meio está a virtude, alguma coisa lá ficou. Por exemplo, a Gravidade, aquela história da atracção mútua dos corpos… (sempre me fascinou, estão a ver já um dos motivos do insucesso?).

Mas…, hoje, o que verdadeiramente me preocupa é o Movimento Uniformemente Acelerado. Porquê? Bom, tendo em conta o tempo, a distância já percorrida e a velocidade… não tarda nada…

A alternativa, porque há sempre alternativa(s), é recorrer à alavanca.

“Dêem-me um ponto de apoio e eu moverei o mundo”

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Francamente!

Alarmes, códigos, segredos, câmaras de vigilância, grades, portas blindadas… era assim a minha prisão. Quando entrei, ainda na flor da idade, não sabia ao certo o que me esperava nem o tempo que iria cumprir. Privado de liberdade, só então, comecei a dar conta do seu valor.

Recordo-me de um velho, hoje seria mais novo do que eu, me ter perguntado que maldade fizera para lá ter ido parar. Mais tarde, não sei se por vingança ou simples gozo, era eu quem inquiria outros, tão ingénuos quanto eu fui. Perante os olhares, de espanto e terror, que me lançavam logo os tranquilizava dizendo que o mais difícil seria apenas os primeiros vinte anos… que depois uma pessoa acaba por se habituar.

Há penas leves, pesadas ou perpétuas. Se uns nunca chegaram a entrar, outros há que já não querem sair. Cumpri quase vinte e seis anos. Ficaram marcas. Não guardo ódio ou rancor aos meus verdugos. Saí há dois anos, mais cedo do que previa, de cabeça erguida e em paz. Reencontrei finalmente a liberdade.

Saudades do emprego? Do Banco? Francamente!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009