quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Viagem

Infante D. Henrique - Lagos

Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.

(Miguel Torga)


7 comentários:

  1. Aventureiro este povo: o que importa é partir... como o poeta conhecia bem o nosso caráter global!

    Boa escolha!

    Beijinho.

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  2. Somos uma jangada de pedra!
    Como eu gosto de Miguel Torga!

    Abraço

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  3. Partir. Sim. Mas também gosto de regressar. :)

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  4. Um bonito poema.
    Marinheiro que desanime poderá colocar todo o seu empreendimento em risco. O mar exige marinheiros audazes e confiantes.
    Essa estátua é-me muito familiar...:-)
    xx

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  5. Sem velhos do Restelo à mistura
    Aquele abraço, votos de bfds

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  6. Perspectiva fantástica esta, da foto do Infante...

    Louvo a coragem de quem parte... virando costas a tudo de seu e abraçando o desconhecido.

    Também Torga experimentou essa coragem.
    Felizmente regressou.


    Beijinhos que parte rumo ao sul
    (^^)

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  7. Poema lindo Rui
    Miguel Torga sempre acerta,
    _ só que nas minhas aventuras importa muito partir chegar ver e voltar ... rs
    abraços e bom fim de semana

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