sexta-feira, 4 de novembro de 2011

As Bolas de Sabão

As Bolas de Sabão - Óleo Sobre Tela
Manet, Edouard / França / 1867
Fundação Calouste Gulbenkian


As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.

Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente.

Alberto Caeiro
Heterónimo de Fernando Pessoa (1888-1935)


10 comentários:

  1. Bola de sabão tem um Q de magia, néam, Rui? Parece que, na delicadeza evidente, tem a ousadia de carregar o mundo inteiro em seu interior.

    Gostei muito.

    Tu conhece "Borbulhante", da Flora Figueiredo?

    Já postei no blog da Lua, vou deixar o endereço. Se quiser dar uma espiada :

    http://asmuitasfasesdaluna.blogspot.com/2011/07/fase-de-doacao-lua-nova.html

    Beijinhos.

    ResponderEliminar
  2. Caeiro ele todo! Tão simples (ou complexo?9 tão natural, tão leve...

    E que bem ilustrado!

    ResponderEliminar
  3. Luna Sanchez:
    Não conhecia e já fui espreitar. Muito obrigado pela partilha.

    ResponderEliminar
  4. Carol:
    Tão límpido, tão transparente e tão profundo...

    :)

    ResponderEliminar
  5. O meu pai fazia a mistura: bocadinhos de sabão branco e azul desfeitos em água e ajeitava um canudo de cana... Que saudades tenho de fazer bolinhas de sabão!
    Os sonhos mantêm-se redondinhos, perfeitos, cintilantes, coloridos e esvoaçantes como na infância, só a efemeridade ganhou significado.
    Qualquer dia voltarei a experimentar este velho processo.

    ResponderEliminar
  6. Isabel Soares:
    O André iria adorar e mais tarde recordar...
    :)

    ResponderEliminar
  7. Caeiro na sua aparente simplicidade recordado a partir de um belíssimo quadro cheio da magia da infância!

    Abraço

    ResponderEliminar
  8. Rosa dos Ventos:
    Não é fácil ser simples...
    :)
    Cordiais saudações aqui de Leiria

    ResponderEliminar
  9. Linda a conjugação do POEMA/PINTURA!!!...

    Lindo o poema e lindo o quadro!

    Linda a busca que consegue fazer para nos dar esta conjugação maravilhosa...

    Rendo-me perante um trabalho de tão bom gosto e tanta eficiência!!! :)

    Os meus sinceros parabéns por conseguir uma harmonia que tanto me agrada...
    helena

    ResponderEliminar
  10. Helena:
    Simpatia sua... eu apenas me limitei a tirar a foto e juntar a poesia.
    :)

    ResponderEliminar