quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Mágoa, Admiração e Inveja

Há dias dividido entre dois prazeres, prolongar a aula de pintura ou assistir ao lançamento do último livro de Gonçalo Cadilhe, optei pelo mais cómodo, deixei-me ficar entre telas e óleos.

Agora, ao folhear “1 KM DE CADA VEZ”, sinto mágoa por não ter estado mais perto do escritor aventureiro, admiração pela sua coragem subversiva e inveja pela “liberdade de viajar ao sabor do tempo” que ele tão bem faz e descreve.

A dado passo do seu livro o autor confessa “… não gosto de casas mas gosto de janelas. Há qualquer coisa de sagrado numa janela, um altar primordial sobre horizontes das possibilidades humanas, uma relação que separa a luz das trevas… Uma janela tem, por definição uma parede a emoldurá-la… por vezes a parede e a respectiva janela podem concorrer para a mesma sensação de liberdade e movimento: é o caso da parede do compartimento de um comboio, que atravessa campos de trigo soviético, que fura desfiladeiros andinos… Uma janela pode ser a escotilha de um cargueiro, dar vista sobre aguaceiros equatoriais, sobre ondas preguiçosas… Para lá da janela estende-se o mistério da paisagem. A casa encerra o espaço, a janela desvenda e oferece o Mundo.”

Sem coragem para levantar âncora e zarpar de mochila às costas, à descoberta desses destinos que as agências de viagens não mostram, é através da sua escrita sentida que eu viajo comodamente instalado na minha alegre casinha...

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