quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

“Paixões Proibidas” com final feliz

Esta tarde fui finalmente e em boa hora ver a exposição de pintura de Sílvia Patrício, que se encontra no novo espaço Ensaios Arte e Design no Largo Cândido dos Reis em Leiria.

As obras expostas, inspiradas em “O Crime do Padre Amaro” de Eça de Queirós, prendem a nossa atenção, transportam-nos à nossa infância e fazem-nos sonhar.

Através de um auricular, colocado ao lado de cada tela, são-nos lidos excertos do livro que sugeriram o quadro. É um casamento perfeito entre literatura e pintura, com final feliz, contrariamente ao destino da pobre Amélia.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

"Nas tuas Mãos"

É através da confissão de três mulheres de diferentes gerações (avó, mãe e filha), das suas memórias e segredos (diário, álbum de fotografias e cartas) que este romance de Inês Pedrosa, de escrita agradável e recheado de belas imagens, nos mostra as últimas décadas do nosso país.

“Descobri cedo nas fotografias da minha mãe que a felicidade é uma colecção de instantes suspensos sobre o tempo que só depois de amarelecidos pela ausência se revelam”.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pintar é como andar de bicicleta

A pintura para mim é como andar de bicicleta, uma vez aprendida a técnica não mais se esquece. No meu caso particular ainda não dispenso as rodinhas laterais (a mão da professora Dulce Bernardes). Sem elas perderia o equilíbrio, não conseguiria seguir em frente, e, pior ainda a queda seria eminente.

Para vossa apreciação deixo-vos aqui a última tela do ano transacto. Não se inibam de me dar para trás, só assim ganharei o balanço e a tão desejada velocidade de cruzeiro.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Judgment at Nuremberg

Este filme é “um recado para a humanidade evitar novos conflitos mundiais”. Merece ser visto e revisto, porque a memória é curta.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Casablanca – As Time Goes By

Não é pela ausência de Sol e nada tem que ver com a perturbação da minha percepção visual, a discromatopsia mais conhecida por daltonismo, mas ultimamente tenho andado numa de preto e branco, i.e., a ver fitas de cinema, as melhores de sempre. Casablanca faz parte desse lote, dessa reserva especial que só se oferece aos verdadeiros amigos.

Vai um brinde?

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Mágoa, Admiração e Inveja

Há dias dividido entre dois prazeres, prolongar a aula de pintura ou assistir ao lançamento do último livro de Gonçalo Cadilhe, optei pelo mais cómodo, deixei-me ficar entre telas e óleos.

Agora, ao folhear “1 KM DE CADA VEZ”, sinto mágoa por não ter estado mais perto do escritor aventureiro, admiração pela sua coragem subversiva e inveja pela “liberdade de viajar ao sabor do tempo” que ele tão bem faz e descreve.

A dado passo do seu livro o autor confessa “… não gosto de casas mas gosto de janelas. Há qualquer coisa de sagrado numa janela, um altar primordial sobre horizontes das possibilidades humanas, uma relação que separa a luz das trevas… Uma janela tem, por definição uma parede a emoldurá-la… por vezes a parede e a respectiva janela podem concorrer para a mesma sensação de liberdade e movimento: é o caso da parede do compartimento de um comboio, que atravessa campos de trigo soviético, que fura desfiladeiros andinos… Uma janela pode ser a escotilha de um cargueiro, dar vista sobre aguaceiros equatoriais, sobre ondas preguiçosas… Para lá da janela estende-se o mistério da paisagem. A casa encerra o espaço, a janela desvenda e oferece o Mundo.”

Sem coragem para levantar âncora e zarpar de mochila às costas, à descoberta desses destinos que as agências de viagens não mostram, é através da sua escrita sentida que eu viajo comodamente instalado na minha alegre casinha...

Agasalhem-se, vem aí o frio


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Recado para um paciente

Decididamente a linha recta não é o caminho mais curto entre dois pontos e os que assim pensam estão profundamente enganados. Aviso prévio, nesta mensagem não se pretende falar de geometria embora se refira a espaço e às figuras que o podem ocupar.

Imaginemos um animal ferido, escondido num canto, como reagirá ao aproximarmo-nos dele com o intuito de o socorrer? Em vez de aceitar a nossa ajuda é bem provável até que nos ataque, esse é o seu instinto de defesa, dado não possuir o uso da razão. Mas os humanos, esses bichos pensantes, como se comportam em idênticas situações? O que fazem para se curar? Enfiam a cabeça (na areia como a avestruz) debaixo da almofada e choram (sentindo pena de si próprios) na vã esperança de que isso resolva os seus problemas? Ou pelo contrário, não se conformam, dão o corpo às balas e vão à luta?

Bafejados pela sorte e detentores desse precioso tesouro que é a vida, sentem-se uns eternos desgraçados. Pobre de espírito quem não consegue ver para além do seu umbigo, pegar num livro, cheirar uma flor, sentir a chuva cair, ouvir uma palavra amiga, enfim, quem é incapaz de Viver.

Sei que este simples recado aqui deixado virá a ser lido mas receio que, o paciente em questão, o não saiba interpretar.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Eterno menino

Este tempo invernoso condenou-me a prisão domiciliária mas, por enquanto, não penso recorrer da sentença.

Desta minha cadeia sem grades e de muitas janelas, onde o Sol teima em não entrar, revi ontem City Lights (Luzes na Cidade) esse enternecedor filme de comédia mudo de Charlie Chaplin. No final da fita a florista cega, que entretanto recuperara a visão, oferece uma flor a um vagabundo que a olha hipnotizado e feliz. Ao colocar-lhe na mão uma moeda ela apercebe-se que esse Zé-Ninguém que está à sua frente é o seu benfeitor. Foi então que duas lágrimas sentidas rolaram na minha face…

Fernando Pessoa escreveu no Livro de Desassossego: “sinto-me velho, só para ter o prazer de me sentir rejuvenescer" e eu ao recordá-lo tornei-me menino outra vez.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

“Tudo está no olho de quem vê”

“A Casa dos Budas Ditosos” foi a minha despedida em termos de leituras de 2009. Há quem considere este romance sobre a luxúria de erótico, chocante, provocador e até mesmo “ostensivamente pornográfico”. Em Portugal duas redes de supermercados proibiram a venda deste livro nos seus estabelecimentos. Claro que esta narrativa escandaliza os pudicos, os falsos moralistas e os hipócritas.

Polémicas à parte, a verdade é que João Ubaldo Ribeiro recebeu em 2008 o mais importante prémio literário destinado a galardoar um autor de língua portuguesa pelo conjunto da sua obra – o Prémio Camões.

Neste livro, escrito de uma forma descontraída e a brincar, há muito mais do que sexo. Há também Literatura, Cinema, Teatro, Política, Religião, Filosofia, Psicologia, Física, Matemática, Música, Informática, Medicina, História, Pintura, Arte…, há acima de tudo Cultura. “Tudo está no olho de quem vê”.

Bom Ano!