Faz hoje precisamente dezanove anos que me iniciei nestas coisas da Sétima Arte. Com um orçamento limitado, sem guião, munido de uma simples câmara de filmar com tripé, propositadamente comprada para o efeito. À partida o reduzidíssimo elenco contava apenas com uma actriz principal, duas ou três secundárias e o próprio “Camera Man”. Apesar da parcimónia de meios o trabalho foi muito esforçado e sentido tendo o resultado final excedido todas as expectativas. Houve até quem dissesse ser o filme mais bonito que já tinha visto. Gostos. Não discuto. Vamos à película.
A acção desenrola-se em Coimbra, num Hospital. Entram e saem ambulâncias, macas, pessoas. Sentados, aqui e ali, os pacientes aguardam lentamente pela sua vez. Numa parede, alheio, indiferente e incansável, um relógio marca o tempo que já passou mas não informa quanto há ainda que aguardar. São oito horas, é o render dos turnos. A espera prolonga-se e a ansiedade aumenta. Por fim a entrada, a cama, os tubos, as máquinas, medições, receios, aflições.
O dia promete ser longo e não engana. O cansaço faz-se sentir mas há que ser forte, principalmente agora e mais que nunca. Já passa das 23:30. Num ápice tudo se transforma. As enfermeiras correm, levam-na. Peço para as acompanhar. Dão-me uma bata e sigo-as com a máquina já assente no tripé.
- Força! Força! Não desista. Está quase. Isso, isso. Vá, mais um esforço. Isso.
Gemidos, lágrimas, a câmara tudo regista.
- Já está. É uma menina.
Finalmente mãe e filha frente a frente exaustas. O operador de câmara, esquecido a um canto, sai de cena. Fica só. Mas a alegria que transporta é enorme. Acaba de ser pai.
Moral da história, perdeu-se um realizador mas ganharam-se duas excelentes artistas. Parabéns às minhas meninas!
A acção desenrola-se em Coimbra, num Hospital. Entram e saem ambulâncias, macas, pessoas. Sentados, aqui e ali, os pacientes aguardam lentamente pela sua vez. Numa parede, alheio, indiferente e incansável, um relógio marca o tempo que já passou mas não informa quanto há ainda que aguardar. São oito horas, é o render dos turnos. A espera prolonga-se e a ansiedade aumenta. Por fim a entrada, a cama, os tubos, as máquinas, medições, receios, aflições.
O dia promete ser longo e não engana. O cansaço faz-se sentir mas há que ser forte, principalmente agora e mais que nunca. Já passa das 23:30. Num ápice tudo se transforma. As enfermeiras correm, levam-na. Peço para as acompanhar. Dão-me uma bata e sigo-as com a máquina já assente no tripé.
- Força! Força! Não desista. Está quase. Isso, isso. Vá, mais um esforço. Isso.
Gemidos, lágrimas, a câmara tudo regista.
- Já está. É uma menina.
Finalmente mãe e filha frente a frente exaustas. O operador de câmara, esquecido a um canto, sai de cena. Fica só. Mas a alegria que transporta é enorme. Acaba de ser pai.
Moral da história, perdeu-se um realizador mas ganharam-se duas excelentes artistas. Parabéns às minhas meninas!