terça-feira, 22 de julho de 2014

A boca




 A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera
(que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar.

Levar-te à boca,
beber a água mais funda do teu ser
se a luz é tanta,
como se pode morrer?

(Eugénio de Andrade)

8 comentários:

  1. As pedras morrem, a ideia delas não.
    A prova?
    Eugénio, de génio eterno...

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  2. Obrigada, Rui, grande Eugénio!...
    Na verdade é que quanto mais luz, maior a morte.
    xx

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  3. Uma fotografia e um poema. Ou vice-versa. Sempre uma boa conjugação. :)

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  4. Eugénio de Andrade consegue sempre roubar-me um suspiro... sou uma romântica incurável! :))

    (depois de um poema destes, a minha "mania" de mandar beijos adjectivados e enquadrados no post... deixa-me em maus lençóis!)


    Beijinhos... repenicados
    (^^)

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  5. Poesia de Eugénio... e poesia em imagem, do Rui...
    Simbiose perfeita!
    Parabéns!
    Ana

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  6. O pormenor do pássaro em cima da cabeça está visualmente "delicioso".
    Uma fotografia bem concretizada, tanto a nível de enquadramento como em domínio de detalhe.

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