Diz o ditado que, “só temos uma oportunidade para causar uma boa primeira impressão”. No meu caso particular, o primeiro encontro, mais do que um fracasso foi um autêntico desastre, fez-me lembrar o especialista em minas e armadilhas ao qual lhe é permitido falhar apenas uma única e fatal vez.
E no mundo dos livros, será mesmo assim?
A primeira abordagem a António Lobo Antunes não foi a melhor, reconheço, o que originou afastamento e repulsa pelas suas obras. Como nunca é tarde de mais, dizem, lá chegou a hora, ou melhor, o dia em que fizemos as pazes e finalmente nos começámos a entender. Mais do que “Um problema de expressão”, de que nos fala a canção dos Clã, era a minha dificuldade em pegar nesse emaranhado novelo, retirar-lhes os nós, tentar entender essa malha meia desse tricot de palavras.
Do livro “Os Cus de Judas” deixo aqui alguns excertos: “… Vi a miséria e a maldade da guerra, a inutilidade da guerra nos olhos dos pássaros feridos dos militares…” “…Tão esquisito, entende, que me pergunto às vezes se a guerra acabou de facto ou continua ainda, algures em mim, com os seus nojentos odores de suor, e de pólvora, e de sangue, os seus corpos desarticulados, os seus caixões que me aguardam…” “… Quem veio aqui não consegue voltar o mesmo…”
Concordo em absoluto. E vocês?
E no mundo dos livros, será mesmo assim?
A primeira abordagem a António Lobo Antunes não foi a melhor, reconheço, o que originou afastamento e repulsa pelas suas obras. Como nunca é tarde de mais, dizem, lá chegou a hora, ou melhor, o dia em que fizemos as pazes e finalmente nos começámos a entender. Mais do que “Um problema de expressão”, de que nos fala a canção dos Clã, era a minha dificuldade em pegar nesse emaranhado novelo, retirar-lhes os nós, tentar entender essa malha meia desse tricot de palavras.
Do livro “Os Cus de Judas” deixo aqui alguns excertos: “… Vi a miséria e a maldade da guerra, a inutilidade da guerra nos olhos dos pássaros feridos dos militares…” “…Tão esquisito, entende, que me pergunto às vezes se a guerra acabou de facto ou continua ainda, algures em mim, com os seus nojentos odores de suor, e de pólvora, e de sangue, os seus corpos desarticulados, os seus caixões que me aguardam…” “… Quem veio aqui não consegue voltar o mesmo…”
Concordo em absoluto. E vocês?
Quem pode estar em desacordo com a inutilidade da guerra?! E as marcas profundas que deixa?!...
ResponderEliminarQuanto ao livro, estou mais do que convencida.
Any
«Pedro Álvares Cabral, a quem o senhor Luís Buñuel cochichava constantemente Um dia destes, vais ver, largo esta porcaria toda e faço um filme que fica tudo aí de boca aberta, partiu na tarde seguinte, na furgoneta de uma loja de televisores, sem se despedir do filho, nem da mulata, nem do fiscal da Companhia das Águas Diogo Cão, decerto estirado na Residencial Apóstolo das Índias, defronte das rolas, a presumir o sol com o astrolábio e a navegar, no bolor dos seus mapas, pela leitura indecisa das estrelas, buscando o azimute aproximado das montras de mulheres de Amesterdão.»
ResponderEliminarE que tal, Caro Rui, fazer uma viagem n´As Naus, obra através da qual Lobo Antunes aflora, de forma magistral, o tema «retornados»?
Amigo Rocha
ResponderEliminarDesde miúdo que os barcos me fascinam, deslumbram e encantam apesar das náuseas que sinto sempre que entro neles. O desafio está feito, agora é só esperar a maré.
Eu confesso que desse genial escritor só li as crónicas publicadas na revista Visão. Prosa muito mais acessível, tão humana e sensível!
ResponderEliminarGuida