Mia Couto regressou a Leiria para nos apresentar -“A
Confissão da Leoa”- o seu último romance. Enamorados que somos da sua escrita,
não poderíamos perder esta oportunidade para o rever, questionar e felicitar.
Lido de uma assentada, i.e., um pouco à pressa, senti-me
preso do princípio ao fim e a ideia de um puzzle não me sai da cabeça. Um
caçador que vai à caça e sai caçado, um escritor que vira caçador, as peças vão
encaixando mas falta a última e vamos ter que ser nós próprios a descobri-la.
...
"- Estamos perdidos? – pergunta Gustavo a medo.
- Estar perdido é bom. Significa que há caminhos. O grave é
quando deixa de haver caminhos.
- Pergunto se ainda é capaz de encontrar caminhos?
- Aqui, no mato, os caminhos é que nos encontram a nós."
...
"Todos têm medo, medo da vida, medo dos amores, medo até dos
amigos. Uns chamam a esse monstro de «diabo». Outros chamam-no de «serpente
coxa». O escritor interrompe a longa narrativa:
-Desculpe, meu caro administrador, mas para mim, essa
serpente somos nós mesmos."
...
"Afinal, a felicidade e o amor se parecem. Não se tenta ser
feliz, não se decide amar. É-se feliz, ama-se."
...
"Pode-se chamar de criança a uma criatura que lavra a terra,
corta a lenha, carrega água e, no fim do dia, já não tem alma para brincar?"
...
Se me é permitido vou também fazer-vos uma confissão. A minha
mulher nasceu na Beira (Moçambique), como Mia Couto, e adora-o. Ciúmes? Por causa disso??? Eu nasci cá, na Beira Litoral, nem pensar!
:)
Boas Leituras!