Não entendo a razão de após quase três anos de reforma ainda perder tempo a sonhar com o Banco. E sonhar não é a palavra correcta, leia-se em seu lugar pesadelo, pois nos meus devaneios nocturnos julgava encontrar-me ainda no activo. O mais grave era estar em falta ao trabalho há já um bom par de dias. Sorte ter um despertador que, pontualmente às sete horas, me acorda a mim e à minha mulher para a realidade…
Ainda ensonado mas já um pouco mais crente fui tratar dos animais da capoeira. De todos eles destaco a pata que, sem deixar o choco, me saudou alegremente. Já o seu companheiro foi mais comedido, manteve as distâncias, como convém. A um canto, numa pequena gaiola/ratoeira, um aparente e inofensivo ratito esperava pela minha misericórdia. Poupando-vos aos detalhes digo-vos apenas que nessa matéria sou firme e decidido.
Ao entrar na água da piscina, por certo bem mais quente do que aquela onde deixei o roedor, fiz as braçadas habituais que me revigoram e simultaneamente me deixam todo partido. Após este exercício seguiram-se a bica e leitura da ordem. Como o dia estava solarengo fui às Fontes (nascente do rio Lis) experimentar a nova máquina fotográfica. No regresso vi vários carros fazerem-me sinais de luzes, avisando-me que a polícia estava por perto. Não sei se foi bom senso, ou o facto de não trazer comigo os documentos do carro da minha mulher, ou levar quatro recipientes com gasolina aditivada para a motoenxada, ou serem já quase horas de almoço, o certo é que decidi fazer meia-volta e rumar ao Canário em busca de alimento.
Polvo na brasa bem regado (com azeite) acompanhado de batata a murro (prefiro-as já descascadas), alho, coentros e o imprescindível vinho branco fresquinho, mais broa e azeitonas à mistura foram a minha companhia e distracção, até que um casal, a rondar os setenta, chegou e se sentou noutra mesa. Ele, de frente para mim, vítima de possível AVC, com olhos tristes e chorosos e ela, com toda a ternura que é possível, a preparar-lhe o prato perante os seus indecifráveis balbucios. Eu, que praticamente já tinha devorado o pudim caseiro, ao ouvi-la dizer com certa mágoa e resignação - “desculpa, não consigo entender”, senti como que um amargo de boca...
Ainda ensonado mas já um pouco mais crente fui tratar dos animais da capoeira. De todos eles destaco a pata que, sem deixar o choco, me saudou alegremente. Já o seu companheiro foi mais comedido, manteve as distâncias, como convém. A um canto, numa pequena gaiola/ratoeira, um aparente e inofensivo ratito esperava pela minha misericórdia. Poupando-vos aos detalhes digo-vos apenas que nessa matéria sou firme e decidido.
Ao entrar na água da piscina, por certo bem mais quente do que aquela onde deixei o roedor, fiz as braçadas habituais que me revigoram e simultaneamente me deixam todo partido. Após este exercício seguiram-se a bica e leitura da ordem. Como o dia estava solarengo fui às Fontes (nascente do rio Lis) experimentar a nova máquina fotográfica. No regresso vi vários carros fazerem-me sinais de luzes, avisando-me que a polícia estava por perto. Não sei se foi bom senso, ou o facto de não trazer comigo os documentos do carro da minha mulher, ou levar quatro recipientes com gasolina aditivada para a motoenxada, ou serem já quase horas de almoço, o certo é que decidi fazer meia-volta e rumar ao Canário em busca de alimento.
Polvo na brasa bem regado (com azeite) acompanhado de batata a murro (prefiro-as já descascadas), alho, coentros e o imprescindível vinho branco fresquinho, mais broa e azeitonas à mistura foram a minha companhia e distracção, até que um casal, a rondar os setenta, chegou e se sentou noutra mesa. Ele, de frente para mim, vítima de possível AVC, com olhos tristes e chorosos e ela, com toda a ternura que é possível, a preparar-lhe o prato perante os seus indecifráveis balbucios. Eu, que praticamente já tinha devorado o pudim caseiro, ao ouvi-la dizer com certa mágoa e resignação - “desculpa, não consigo entender”, senti como que um amargo de boca...