Pintar com as pernas

Adepto do pouco mas bom, já regressado dos Algarves mais concretamente do Tivoli Marina Hotel de Portimão, retorno à minha praia de sempre, o Pedrógão. Inevitavelmente as comparações surgem. Não é a falta dos veleiros ou iates, que me deixam saudades, é acima de tudo o bom tempo e o mar calmo que me fazem maior mossa.

Decidido a combater esses pensamentos nostálgicos e alguma soberba à mistura, peguei na minha bicicleta e fiz-me ao caminho através dos campos do Lis. Nesse trajecto curto pouco acidentado e algo trepidante, em contacto permanente com a natureza, vê-se gente a regar o milho sachar feijões ou apanhar fruta e nos pinheirais ouvem-se as rolas e as cigarras.

Apesar de ter apanhado algum vento pela frente e uma máquina agrícola, que me obrigou a um esforço suplementar na sua ultrapassagem, a média, comparativamente a anos anteriores, longe de ser óptima não foi má. Isto não quer dizer que a minha performance tenha melhorado, pelo contrário, o mérito vai todo para os pneus novos e mais estreitos da bicicleta, já que os meus… por muito que me esforce estão sempre na mesma.

E é esta tela, viva e colorida, que ano após ano insisto pintar até que as pernas o permitam.