quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Insólito Desassossego

Ir ao cinema hoje em dia é para mim um acto cada vez mais raro que tem vindo a decrescer consideravelmente por força das muitas alternativas existentes.

 Apesar desta redução tão acentuada o insólito aconteceu, duas vezes seguidas, nos últimos filmes que vi. A primeira delas, estranha e inédita, foi no Leiria Shopping com a película “Comer, Orar, Amar” exibida para uma plateia de duas pessoas… (eu e a minha cara-metade), a outra foi ontem no Teatro José Lúcio da Silva antes da projecção do “Filme do Desassossego” quando o realizador, perante uma sala repleta, usou da palavra e fez uma breve apresentação do seu mais recente trabalho para no final nos remeter para a leitura do livro.

Pegando nessa deixa de João Botelho aqui vos deixo com Bernardo Soares:

Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa. Pasmo e desolo-me. O meu instinto de perfeição deveria inibir-me de acabar; deveria inibir-me até de dar começo. Mas distraio-me e faço. O que consigo é um produto, em mim, não de uma aplicação de vontade, mas de uma cedência dela. Começo porque não tenho força para pensar; acabo porque não tenho alma para suspender. Este livro é a minha cobardia".

P.S.: Vejam o filme mas não deixem de ler o livro!

3 comentários:

  1. Também fui ver o "Comer,orar e amar" e aconteceu-me o mesmo : eramos 3 pessoas na sala, eu ,o Miguel e um amigo nosso.
    A sala só para nós , até comemos pipocas e tudo .
    E agora a parte séria : fiquei cheia de vontade de ler o livro.
    O pequeno excerto que nos dás, deixou-me ávida para ler o resto.
    Obrigada por despertares estes bons instintos.
    Um abraço

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  2. Também gostei muito do filme do Desassossego - nunca pensei ser possível fazer um filme a partir de um "anti-livro". Mas está mesmo muito bem feito!

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  3. Acabei por ver também (com a minha Jan) os dois filmes que o Rui refere. Vá lá que, no primeiro ainda éramos seis pessoas na sala. Quanto ao Filme do Desassossego, uma vez que já havia lido o Livro do Desassossego, achei o filme fantástico pelas imagens que tão bem criam os pesados e nostálgicos ambientes do livro. A fotografia foi do melhor que até hoje vi no cinema e o recurso, em curtos momentos do filme, a montagens invulgares, deixou-me positivamente surpreendido.

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